Dragões de Éter – Média de Nota dos Leitores
Na comunidade do Dragões de Éter, no já mais que popular Orkut, 100 leitores responderam à pergunta: “Qual a sua nota para o Dragões?”.
A média do pessoal abaixo.
You may say I´m a dreamer …
But I´m not the only one.
I hope someday you´ll join us.
Sempre.
Workshop de Roteiro Fantástico – Segunda Chance
Lembram do Workshop: “Roteiro Fantástico”, que vou ministrar no domingo próximo, 16/11, na Casa das Rosas, à convite da organização da Mostra Curta Fantástico?
Não lembra?
Bom, então você com certeza não faz parte da primeira turma, às 14 horas, que já lotou as inscrições…
Tudo bem, você vai ter uma segunda chance!
Seguinte: a organização da Mostra abriu uma segunda turma, que acontecerá no mesmo domingo, 16/11, mas começando às 10 da manhã.
Detalhe: essa turma nesse momento já está com metade das vagas preenchidas.
Logo, vê se dessa vez você não dorme no ponto, né?
Se tiver esquecido [tsc... tsc...] os detalhes do workshop (gratuito), e de como se inscrever no dito-cujo, para não sobrar nenhuma desculpa esfarrapada, basta clicar no link.
Nos vemos por lá.
Yes, we can.
Resenha “Dragões de Éter” – Blog Leia
Resenha de Regina Monteiro, para o interessante blog de críticas literárias: Leia.
O que achei de mais curioso no texto é que, para Regina Monteiro, “Dragões de Éter” é um livro completamente diferente de para mim. Regina o vê como um livro voltado para o público infantil (ou que deveria ser voltado para ele).
Eu o vejo como um conto de fadas para adulto; um livro de clima juvenil com passagens que alternam humor, romance e aventura, com determinadas partes sombrias, macabras e arrepiantes.
Mesmo o conceito de Bem x Mal é difícil de ser traduzido ao pé da letra. O diálogo de uma das cenas de clímax, no alto de uma Catedral, demonstra bem essa dificuldade.
Outro ponto que discordo da maioria dos críticos é uma eterna insistência em admitir que não existe uma parcela (e até uma boa parcela) de jovens que lêem.
Ok, a que (ainda) não o faz é bem maior, mas a que o faz é relativamente significante.
Logo, não existe apenas a literatura infantil e adulta. Existe sim, um público para a literatura juvenil enorme (”Eragon”, “Harry Poter” e “Crepúsculo” que o digam); e ignorar isso seria agir como o cinema que ignorou esse público até descobrir os Blockbusters na década de 80, com Steven Spielberg, e fazer a maioria de seus filmes hoje já pensando neles.
E, por último, também para mim a mensagem do livro não seria a de que o amor e a bondade sempre superam o ódio e a maldade, mas que apenas por eles vale à pena viver uma vida.
Tanto que a frase de Anna, mãe de Ariane Narin, utilizada no tópico anterior, resume bem isso: contos de fadas nem sempre têm bons finais.
Por isso, particularmente é bem curioso e extremamente interessante conhecer a opinião da resenhista.
Afinal, não é exatamente isso, essas múltiplas visões e intepretações que uma pessoa pode ter de uma mesma obra, que faz a riqueza de uma história bem contada?
Sonhem conosco.
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Dragões de Eter – Caçadores de Bruxas, de Raphael Dracon, pela Editora Planeta
Pode-se dizer que, em Dragões de Eter – Caçadores de Bruxas, Raphael Dracon parte de uma simples questão para dar vida aos seus personagens: o que teria acontecido depois?
O que teria acontecido com Chapeuzinho Vermelho depois que o caçador matou o lobo? E com o caçador? João e Maria realmente teriam conseguido matar a bruxa? E qual foi a reação de seus pais quando voltaram para casa? A princesa realmente teve coragem de beijar o príncipe que virou sapo? E o que fizeram os anões depois que Branca de Neve encontrou seu príncipe?
Quem, ao terminar de ler os sempre eternos contos de fadas, não se fez tais perguntas? De uma maneira dinâmica, Dragões de Eter – Caçadores de Bruxas narra a história do que teria se passado a partir do momento em que esses contos terminam, sem perder a perspectiva da eterna luta entre o bem e o mal.
Seria possível que João e Maria conhecessem Chapeuzinho Vermelho? Para Raphael Dracon seria perfeitamente possível. O autor reúne todos esses personagens (e muitos outros) no Reino de Arzallum, muitos deles vivendo em Andreanne, a capital do Reino. Arzallum fica em Nova Eter, um mundo que já foi assolado pela magia negra praticada por bruxas que haviam se desviado do caminho do bem. Depois de anos vivendo em paz, Arzallum volta a ser ameaçada por essa magia que o rei e todos seus súditos pensavam ter sido extinta. É nesse momento que Raphael Dracon, retomando a eterna luta entre o bem e o mal, apresenta a sua versão desses eternos heróis dos contos de fadas. Ao final, o autor repete o ensinamento presente em todas essas histórias infantis: o amor e a bondade sempre superam o ódio e a maldade.
No entanto, Dragões de Eter – Caçadores de Bruxas, apresenta um dilema pois, apesar de suas 420 páginas, não seria incorreto afirmar que este livro cairia muito mais no gosto de um público infantil ao suprir sua curiosidade a respeito do destino dos personagens dos contos de fadas, do que no gosto de um público mais adulto. É um livro para ser lido pelos pais para seus filhos.
Quanto vale uma mensagem?
O momento mais mágico para um escritor é o contato com seu público-alvo.
É o momento em que ele descobre que o mundo nascido realmente pulsa, e pulsa o bastante para lembrar-lhe o quanto ele é pequeno, ao menos diante da dimensão de linhas de éter que tocam a imaginação de diversos seres humanos sonhando em uma mesma direção.
Existem mensagens e mensagens. Algumas são mais emotivas, algumas mais críticas, algumas são empolgadas; outras desejam força e sucesso. Todas; todas valiosíssimas.
Até mesmo uma pessoa que escreva uma mensagem reclamando de um livro para um escritor, dedicou tempo e esforço (e as vezes coragem) da parte dela para aquela situação, e apenas isso já demonstra que de alguma forma aquele escritor mexeu com ela. [o quanto?].
O suficiente para ela se importar com ele.
Mensagens como a do leitor e estudante de biologia, Augusto Soares, se enquadram no caso.
Augusto havia me escrito meses atrás para contar que havia descoberto o livro, e estava ansioso para ler.
Quando começou a obra, escreveu novamente registrando suas impressões pelo início, e prometendo que faria um texto mais detalhado de suas impressões ao final.
Admito que realmente esperei por esse texto. É um fato: como citado, escritores amam todas as mensagens de seus leitores. Entretanto, existem determinadas mensagens em que notamos que existe uma profundidade ou uma maturidade literária por detrás daquela pessoa que nos escreve, que nos faz ficarmos realmente curiosos sobre suas opiniões finais.
A forma delas se expressarem, o português, as referências e argumentos que usam para defender seus pontos de vista; não há exatamente uma lógica, existem mensagens que realmente são diferentes.
E isso independe da idade; tenho uma leitora de 12 anos apenas, Bruna “Brubis” Passanezi, devoradora de livros, que se expressa melhor do que alguns comentaristas esportivos de tv, e com um português de deixar alguns antigos colegas meus de faculdade envergonhados.
Augusto “Guto” Soares é um leitor desse tipo. E então quando ele me mandou sua opinião final, ela foi bem valiosa.
Posto-a aqui em homenagem a meus leitores, e suas palavras inspiradoras.
Obrigado por nunca. Nunca acordarem.
***
Raphael,
Como já não lhe é novidade, pois fiz questão de manter-lhe informado, desde que comecei a leitura do seu livro, Dragões de Éter, fiquei embasbacado. A princípio pela simplicidade da leitura, a forma relaxante e agradável com que o tema era abordado. Ousei fazer uma comparação que considero extremamente honrosa ao citar O Hobbit, do mestre Tolkien. Não me arrependo, muito pelo contrário: ainda vou me valer dela durante este texto.
Você conduziu a história e deu vida aos personagens com maestria. Assumo que no começo fiquei meio estressado com as freqüentes interrupções de “eu sou o contador e posso afirmar isso; afinal, eu estou criando isso”, mas não me leve a mal, foi apenas por ânsia de continuar a leitura e dar continuidade aos acontecimentos que me saltavam aos olhos e mexiam com minhas emoções, me levando de volta à infância inúmeras vezes. Que sensações agradáveis você despertou, Raphael!
O amadurecimento dos personagens com o desenrolar da trama foi lindo. Tudo justificado, sem lero-lero ou embromação. Tudo fez sentido, inclusive fazendo o leitor se questionar se faria diferente. E muitas vezes a resposta era não. Sua análise do comportamento humano foi muito boa. Como “contador” amador, sei como é difícil atingir uma profundidade psicológica nos personagens, sempre sendo necessário citar os como’s e por que’s, mas sem se tornar repetitivo. Mais uma vez, parabéns. Você o fez muito bem.
Outro ponto que merece destaque são os personagens em si. A variedade de personalidades e habilidades me fez lembrar dos tempos em que passava horas ao redor de uma mesa, jogando dados e interpretando personagens. Você joga RPG, não joga? Me arrepio só de pensar em uma sessão conduzida por você. Enfim, não quero desvirtuar o texto, deixemos essa confabulação para outra oportunidade!
A idéia de pegar personagens pré-existentes e moldar às necessidades da trama foi genial, nunca vi nada parecido antes. Revelo minha preferência pelo Mestre Anão Ira; a adaptação foi sensacional! Taí um personagem e tanto, e creio ser apenas um entre sete de capacidade semelhante. Talvez contos sobre as aventuras dos lendários Mestres Anões surjam, não seria uma má idéia, não é mesmo?
Muitos (se não todos) personagens têm potencial para muitas outras histórias, e tenho certeza que você já pensou nisso. Afinal, só depende de você mantê-los vivos, e você me pareceu disposto a isso. Não sem razão. Mas agora chego onde mais quero chegar: Nova Ether.
Assim como Tolkien, você criou um mundo. Um mundo com vida própria, suas próprias lendas e crenças, dividido e governado de forma única. Cara… não tenho palavras. É mágico, e você sabe disso muito mais que qualquer um que tenha se aventurado por aquelas páginas amareladas, exalando… éter. Seria um tremendo desperdício parar por aí. Cada história a qual você nos introduziu, cada lugar citado, cada conflito e cada povo não só merecem, mas DEVEM ser explorados. Milhares de histórias podem ser criadas nesse cenário que você desenvolveu!
Pense se Tolkien tivesse restringido a Terra-Média aO Hobbit? Praticamente um crime! Essa foi sua primeira obra, e certamente abriu centenas de portas. Quem sabe o seu O Senhor dos Anéis não vem por aí? Talvez um Silmarillion, com lendas de Nova Ether? As possibilidades são infinitas! Aproveite-as, eu lhe imploro. Nós, leitores, precisamos que você continue exercendo seu papel de Criador-contador. A coisa é simplesmente muito grandiosa para ser engavetada.
Idéias saltam à minha mente o tempo todo. Sinto-me até meio envergonhado de propor isso a alguém tão talentoso quanto você, mas posso te passar algumas. Talvez você goste e aprimore! Enfim, humildemente ofereço minha ajuda e meu apoio. Tudo para que a coisa não pare por aí. Não que esteja ruim, enfatizo que você tem uma obra prima. Mas a coisa pode se tornar épica. Veja em mim um fã disposto a manter esse universo vivo!
Bom, posso passar horas e horas aqui, escrevendo sobre cada parte do livro, cada lugar e personagem, mas não acho que seria interessante. Vou resumir minha opinião, antes que você desista de ler tudo e vá comer uma rosquinha com café.
A obra está ótima, do começo ao fim. A mudança no ritmo da narrativa, conduzida pelos acontecimentos do livro, se deu com sucesso. O final foi muito bom, embora ‘pouco explorado’, tendo em vista a profundidade da coisa. E não vou retomar esse assunto, acho que já deixei bem claro o que penso sobre o potencial dessa obra, e como autor deste texto, posso lhe garantir isso (hehehe).
Congratulações de coração, Raphael. Você fez um excelente trabalho, digno de todos os elogios. Conseguiu cativar um leitor chato e exigente, que não pouparia palavras para apontar erros grosseiros, assim como não poupou para elogiar seu trabalho.
Conte comigo e com todos os fãs.
E, pelo amor do Criador, não pare de sonhar.
Augusto Soares, seu mais novo fã.
Encontro Prática de Escrita
Havia anunciado já esse evento de alto nível, mas aproveitando que a data foi alterada, estou colocando aqui a data correta e também a localização, e o website.
http://www.praticadeescrita.
Dia 4 de outubro de 2008, das 9h às 17h30, no campus Anália Franco da Universidade Cruzeiro do Sul, ocorrerá o Encontro Prática de Escrita: leituras, feitura e publicação. O evento é organizado pelos professores Carlos Andrade, Patrícia Leite e Claudio Brites e tem por objetivo fomentar um bate-papo a respeito de assuntos pertinentes à literatura contemporânea, mercado editorial e publicação, literatura fantástica no Brasil, a importância do cinema e da internet no cenário atual e oficinas literárias.
Para isso, reúne editores, agentes literários, quadrinhistas e escritores premiados que se alternarão em mesas durante todo dia. O evento é gratuito, mas como as vagas são limitadas o cadastro deve ser feito previamente no site praticadeescrita.blogspot.com, no qual pode-se ver os detalhes da programação e a biografia de seus convidados.
Inscrevam-se!
Além desse escritor, estarão presentes como convidados os companheiros: Helena Gomes, Kizzy Ysatis, Marcelino Freire, Silvio Alexandre, Octávio Cariello, Flávia Muniz, Roberto Causo, entre outros.
Sonhem conosco.
Dragões de Eter – Resenha Multiversos Editorial
E mais uma resenha, dessa vez escrita por Carlos Rocha para o blog do Multiversos Editorial.
O link original pode ser conferido no http://www.multiversos.net/blog2.php
Achei o texto do autor muito interessante, e bem escrito. Espero que a maioria concorde comigo.
Enjoy.
Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas.
Publicado em 2007 pela editora Planeta, pelo jovem autor estreante e roteirista Raphael Draccon, um livro que prometeu criar um universo que resgatasse o espírito juvenil da série animada cultuada nos anos 80, Caverna do Dragão. Cabe aos leitores conferirem, mas em minha opinião, o livro oferece um outro tipo de estória, divertida, sombria e instigante e que destrói e reconstrói personagens familiares ao nosso imaginário coletivo.
Como Raphael Draccon furou a fila.
Soube deste livro através de uma divulgação na Internet, há alguns meses. Chegando ao site oficial de divulgação da obra, pensei: “mais um autor de Fantasia Nacional conseguindo publicar… Que bom! E, é claro, mais um livro para minha concorrida fila de leitura”. Como de costume, fiz minhas malas para participar do EIRPG e especialmente do Fantasticon. Minha primeira atividade no evento foi participar de encontro do GELF, Grupo de Estudos de Literatura Fantástica, presidido pela criadora do GELF, a carismática escritora Rosa Rios. O tema foi “Contos de Fadas: Arquétipos e Fantasia através dos séculos” e fizemos leitura e discussão de textos relacionados a contos de fadas. (para detalhes, nada melhor que ler o relatório no Blog da Rosana). Acontece que o quinto texto, era justamente extraído o livro Dragões de Éter e os comentários da Rosana foram responsáveis pela “furada de fila” da obra do Raphael. Assim, saí do evento com uma cópia adquirida que já comecei a ler durante minhas férias, tendo passado por São Paulo, Ubatuba e Paraty.
O Livro
Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas – se passa em uma terra fantástica chamada Nova Ether, um mundo sem deuses, mas repleto de Semideuses e suas criações: Homens, trolls, anões, fadas boas e fadas corrompidas. Estas últimas ao ensinaram os segredos de magia negra às mulheres, deram origem às temíveis bruxas. Não há um protagonista na narrativa de Draccon, exceto talvez o próprio narrador, que participa ativamente da estória, abusando de seus “super-poderes” de contador de estórias, procurando sempre deixar narrativa mais instigante.
O livro é dividido em três atos e é composto por uma seqüência de capítulos curtos, o que facilita a leitura, mesmo quando se está com pouco tempo. De forma sempre alternada, somos introduzidos aos principais personagens da trama: Ariane Narin, os irmãos João e Maria Hanson, os também irmãos, príncipe Axel Branford e Anísio Branford, o pai destes, o Rei Primo Branford e mais uma dúzia de figuras importantes da cidade de Andreanne, capital do reino de Azarllum. Bom, você poderia dizer, e daí? O que este livro tem de ruim, ou de bom? Bem, eu diria, vamos por etapas.
Novos contos de Fada que ora surpreendem e ora dão arrepios
Com poucos minutos de leitura, começamos a perceber, além da personalidade forte do narrador, a grande sacada desta estória. A reutilização e reformulação de personagens dos contos de fada, tais como Chapeuzinho Vermelho e o infame pirata Capitão Gancho. Além disso, há criação de novos personagens baseados no contexto de histórias de fada e outras referências da cultura pop, como jogos da série japonesa Final Fantasy. Raphael constrói com habilidade uma trama de relações entre tais personagens dando uma perspectiva menos idealizada, algumas vezes explicitando a maldade, crueldade e repugnância de seus vilões, que é usualmente mascarada e atenuada nas versões politicamente corretas de contos de fadas aos quais nos acostumamos a ver, talvez uma conseqüência da divulgação de muitos destes contos pelas animações da Disney. Em contraposição aos contos em que a morte da mãe do Bambi constituiu elemento polêmico, bruxas cruéis e piratas sanguinolentos são vilões que habitam e ameaçam a paz do reino de Arzallum e suas personagens.
Pela estrada afora, eu vou bem sozinha! Levar estes doces para a vovozinha.
Outro aspecto divertido da narrativa de Draccon, é um realinhamento lógico de acontecimentos dos contos de fada. Por exemplo, tomemos a história de Chapeuzinho Vermelho. Que mãe mandaria sua filha de nove-dez anos, atravessar uma floresta potencialmente perigosa, habitada por lobos famintos? O que uma velha senhora de idade faria morando numa casa no meio de tal floresta? Por que o lobo, tendo a oportunidade de encontrar-se com a menina, desprotegida nesta trilha, não a devoraria? Por que e iria esperá-la na casa da vovó? E quem ficaria dando explicações para tais fatos? Afinal, é apenas um conto de fadas, ora bolas! A resposta: Raphael Draccon, que se propõe a responder tais questões, sendo este um dos fatores de boa diversão contida no livro.
Adiante, o que vem?
Sinceramente não sei como está sendo a receptividade da obra de Draccon pelo público. E devo dizer, por tratar-se de uma mistura de elementos e estilos, alguns leitores poderiam não se identificar com a obra. Afinal, há momentos em que o livro parece voltado para um público adolescente, em contrapartida, há momentos em que o autor não demonstra misericórdia. Como quando os vilões aparecem para fazer seu papel, e como mencionei, a crueldade e maldade de seus atos não é mascarada. Assim, temos a contraposição de capítulos leves com romance, bom humor e ação de violência moderada, com alguns momentos na trama que classificaria como no mínimo: sombrios.
Para terminar, gostaria de ressaltar o fato de que a publicação um livro de Fantasia, da envergadura de Dragões de Éter e suas 420 páginas, por um autor estreante, em nosso país, já é por sim um grande feito.
Em segundo lugar, se forem apontados problemas ou críticas ao autor, não deixaria que isso fosse impedimento para seguir em frente. Aprendi isso quando tive uma oportunidade de contato com o incrível autor inglês, Brian Talbot, numa oficina sobre a criação de roteiros visuais para histórias em quadrinhos. O que me marcou, foi uma amostra que autor trouxe de sua primeira obra publicada. Era de fato, um trabalho bem simples se comparado com as obras maravilhosas que o Sr. Talbot vem publicando nas últimas décadas. Quando começou, não dominava todas a as técnicas, mas nunca desanimou e seguiu em frente, para tornar-se um grande autor.
Vejo em Dragões de Éter essa mesma semente. Raphael se apresenta como autor, narrando uma trama complexa, com personagens interessantes e um mundo de fantasia inspirado em contos de fada, vídeo games e cultura pop. Uma boa diversão para aqueles que se identificam com releituras de personagens e estórias de fantasia. E como história bem construída, tem seu clímax no terceiro ato, o ponto em que passei a gostar do livro e relevar meu desejo secreto para que um dos personagens da trama fosse morto: o narrador. Quem sabe no próximo livro?
Encontro Prática de Escrita: leituras, feitura e publicação.
Coordenador por Cláudio Brites, em setembro ocorrerá um interessantíssimo evento sobre literatura na Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo.
Abaixo os detalhes da minha mesa, ao lado de Luís Eduardo Matta, meu companheiro de editora, e escritor que tem pensamentos e filosofias literárias parecidas com as minhas.
Como sempre, para aqueles que puderem comparecer, será um prazer.
***
Nome do evento: Encontro Prática de Escrita: leituras, feitura e publicação.
Dia: 27/09/08
Horário: 9h30 – 17h30
Local: Universidade Cruzeiro do Sul
Campus Anália Franco
Av. Regente Feijó, 1295
Bairro Jardim Anália Franco
São Paulo – SP
Editoras, Leitores, Mercado e Publicação 9h30 – 11h
Flavia Muniz, Alessandra Pires
Mediação: Octavio Cariello
Literatura de Fantasia 11h15 – 12h45
Kizzy Ysatis, Rosana Rios
Mediação: Silvio Alexandre
Literatura, Cinema e Internet 14h15 – 15h45
Raphael Draccon, Luís Eduardo Matta
Mediação: Helena Gomes
Oficinas Literárias 16h – 17h30
Marcelino Freire, Eunice Arruada
Mediação: Roberto Causo
Draccon no Anno Domini – Casa das Rosas
Mais uma vez em São Paulo, dessa vez sem tanto frio, para um interessantíssimo evento: o lançamento da antologia de contos medievais e fantásticos “Anno Domini”.
Para aqueles que não leram nada sobre isso até agora, trata-se de uma antologia da Andross Editora, em que recebi o convite para ser “convidado de honra” através da simpática escritora e organizadora Helena Gomes.
O evento ocorreu na Casa das Rosas, na Avenida Paulista, e contou com a presença de 36 dos 50 autores do livro. Local espetacular; miolo e capa bem-feitos; coquetel competente (acho; a noite foi tão agitada que quando lembrei de “procurar” por uma taça de… ãhnn… guaraná, o coquetel já tinha encerrado).
Anno Domini foi tudo o que a expectativa prometeu (bom, sempre há a chance de eu estar errado. Talvez ele tenha sido um pouco mais…).
De longe, o mais interessante foi ver as estrelas da festa em ação: observar os autores de Anno Domini exibindo crachás no peito como uma merecida medalha de um soldado que sobrevive à guerra.
Sabem, eu sei que eu e Cláudio Villa éramos os “convidados de honra” ali do projeto, convite feito por já estarmos publicados cada um à sua maneira no mercado editorial, mas, sinceramente, para mim cada um daqueles autores eram estrelas que brilhavam demais.
Alguns talvez por luz própria, alguns talvez pelo conjunto que o momento representava; mas ali, naquela Casa das Rosas, todos brilhavam e vibravam na mesma sintonia devido à egrégora que forma o sentimento que habita o coração de um escritor.
Porque todo ser humano que segura nas mãos um sonho, não o deixa escorrer como grãos de areia. [não mesmo?]. Não, não deixa não. [e por que não?].
Porque se cada grão de areia possui realmente tudo o que pulsa no universo dentro dele, então o que pulsará no coração de quem dá vida a universos que brilham além do que a razão pode explicar?
Eu respondo: éter.
O que eu via naquela Casa eram corações nascidos na poesia do ser humano ordinário que não desiste, e sonha com a realização de feitos extraordinários.
Aqueles eram escritores que tinham em mãos a primeira publicação, mas era muito mais do que isso. Aquele era o momento em que o mundo (ou uma parte do mundo) parava de girar, para não apenas notar suas existências, como fazê-los sentir um pouco o gosto do sucesso do escritor que não desiste.
Não faço idéia de quantos livros assinei nesse sábado, dia 19. Nem de quantas pessoas conversei rapidamente (infelizmente, pelo tempo havia de ser sempre mais rapidamente do que a vontade gostaria), nem para quantas fotos fiz poses (e, provavelmente, saí de olhos fechados! Tenho problemas com máquinas que disparam dois flashes antes do registro na memória digital).
Mas me lembro sim de uma coisa. E me lembro bem.
Me lembro de cada autor que chegava até mim e me pedia um autógrafo, e do olhar que transcendia a compostura, quando eu lhes entregava meu próprio exemplar, e dizia:
“É claro. Mas é assim que você agradece…”.
Alguns poucos; muitos poucos daqueles chegarão até o fim da estrada solo completa (todos têm talento; mas a estrada, infelizmente, exige algo além do escritor sobrevivente), mas isso não tem importância, pois o mundo parou e se tornou mais puro por um momento.
Pois todo universo, real ou fictício, se emociona diante de homens que realizam sonhos, ou se inspiram nesse sonhar.
E todos eles irão sempre se lembrar, seja na carreira de escritor seja na de ser humano, do dia em que o mundo parou por eles. E para eles.
Naquele sábado, eu fui um mero convidado de honra.
Mas cada um daqueles outros 34 autores foram mais, foram muito mais do que isso. Eles foram estrelas. Eles foram dragões.
Dragões divinos. Dragões fantásticos.
Dragões de éter.
São Paulo e o Fantasticon 2008 (e uma noite com André Vianco e Starbucks Coffee)
Madrugada de terça-feira, dois dias depois da experiência de participar do Fantasticon 2008; o evento de literatura fantástica mais importante do país, e da cidade que merece o mesmo adjetivo.
Capítulo I – Congelando (em) São Paulo
Sabem, uma vez tentei entender de onde André Vianco tirou a idéia de um maldito vampiro que “congela o tempo” (se você não leu “Os Sete”, isso é um spoiler! Logo, passe o mouse por conta e risco).
O interessante é que chegar em São Paulo às 6 da manhã já responde essa dúvida. Afinal, a resposta era: do fato dele ser paulistano. Descobri que, se fosse eu também um escritor de São Paulo, provavelmente criaria um personagem que seria capaz de fazer a mesma coisa…
Batendo o queixo, tremendo um pouco, e agradecendo por um pouco de luz de sol (o que não impede de se permanecer encasacado nessa cidade incrível), meu agente me levou ao Colégio Arquidiocesano no horário próximo do meio-dia.
O grande motivo: uma mesa envolvendo como tema a “invasão do cinema na literatura fantástica”.
Ao lado de feras do naipe de meu já citado amigo André Vianco, a produtora Vivi Amaral, da Fy Cow, e o mestre em multimeios Alfredo Suppia (que, por sinal, acabou se mostrando muito mais jovem do que eu imaginava a princípio), nós debatemos os mais diversos assuntos envolvendo cinema e literatura.
Sobre a mesa em si, ela foi ótima. Como ela começou “um pouco” atrasada, acabou que, quando terminou, a impressão que se tinha era de que poderia durar mais uma hora inteira, pois todos os quatro ainda teriam algo a dizer.
Falamos sobre literatura x cinema; sobre profundidade x conflito dos personagens; sobre modismo na fantasia; sobre falta de ousadia no cinema fantástico brasileiro; e por aí vai. Foi um quadrangular muito interessante; Sílvio Alexandre foi muito feliz ao montar tal mesa.
A propósito: Sílvio Alexandre é um cara para quem se tem de tirar o chapéu. Organizar um evento desses é uma iniciativa fabulosa, e, como se já não bastasse, o sujeito ainda é uma simpatia e não pára de ter idéia em prol da divulgação desse tipo de literatura.
Como escritor o mais interessante desses eventos é conhecer pessoas que normalmente nós conhecemos apenas pelos trabalhos delas, ou pela troca de mensagens eletrônicas.
Logo, poder conhecer pessoalmente dragões (quando se fala em fantasia, isso é um elogio; em qualquer outra circunstância, não…) do mercado editorial fantástico como Helena Gomes, Rosana Rios (que citou “Dragões de Éter” em sua palestra), Cláudio Villa, Nazarethe Fonseca, Nélson Magrini e Roberto de Souza Causo, não tem preço.
Aliás, a presença de Causo me foi uma grata surpresa, afinal, não apenas o citei, como havia levado impresso uma de suas críticas para usar um parágrafo de base para um argumento sobre escritores que não gostam de ler (e escrever uma frase dessas é ainda mais surreal do que debater sobre).
Outro ponto interessante da presença de Causo, é que ele provavelmente vai fazer um resumo do que foi a mesa e seus temas debatidos de uma forma muito mais competente do que eu (e quando ele o fizer, coloco o link aqui no blog), o que me permite falar sobre os bastidores daquele sábado sem peso na consciência.
Sem peso na consciência.
Capítulo II – Sabres de Luz
Estar no Encontro Internacional de RPG significa cruzar com cosplayers de Darth Vader, Smoke (do Mortal Kombat), piratas, cavaleiros-autores vestidos com armaduras vendendo livros de fantasia e todos (sim, sim: todos) os personagens de Naruto. E falo desde aqueles que ainda devem estar vivos; até os que não sobreviveram até o fim (acho eu; hoje em dia a gente nunca sabe o que significa exatamente “morrer” em animes e comics da DC, não é mesmo?).
(é… coisas assim são normais no Encontro Internacional de RPG…)
Você vê pessoas se digladiando com espadas de espuma em uma imenso pátio colegial, enquanto come tranqüilamente uma coxinha com guaraná natural com a naturalidade de um inspetor sonolento, que vê crianças brincando de pique à espera da sirene que as mande de volta às salas de aula.
E você vê centenas de pessoas empolgadas de preto (fico imaginando o que aconteceria se alguém vestido, por exemplo, de vermelho tentasse se sentar ali! Acho que teriam de jogar um D20 para saber…) sentadas sobre mesas que sustentam egrégoras de formas-pensamento que moldam mundos de éter fantásticos demais para a razão compreender, e onde apenas a imaginação de cada uma delas é capaz de tocar. E manter.
Se você for um escritor, e tiver algum livro publicado (mesmo que da forma mais independente), você provavelmente verá seu livro em algum estande armado (e provavelmente será o da Devir), e com sorte talvez algum leitor até lhe reconheça e peça seu autógrafo. Talvez o mesmo leitor ainda queira levar uma foto, elogiar ou reclamar de alguma passagem da história de vocês.
Entretanto, por mais que um escritor de fantasia nacional tenha um breve momento de rockstar de 15 minutos como se fosse um escritor na FLIP (obviamente, com exceção de Gaiman que é rockstar 24 horas), você sabe que não é a estrela daquele pátio.
Compreensível; não há como ser estrela quando personagens já maiores que seus criadores transitam de um lado a outro com a maior naturalidade do mundo, e posam para fotos fazendo poses de perfomances dignas de filmes B (lembra aquela questão de metáforas que funcionam como “elogios” de acordo com circunstâncias?).
E não podemos reclamar realmente desse assédio curioso, pois mesmo nós, que deveríamos ser criadores, de vez em quando sentimos vontade de levar uma foto de recordação como verdadeiros tietes de tais criaturas.
Afinal, é um fato: não, não dá.
Não dá para competir com Darth Vader.
Capítulo III – Vendendo Sonhos e(m) Starbucks Coffees
Após o Fantasticon, depois de um almoço em uma lotada praça de alimentação do Shopping Santa Cruz, entupida de garotos (e meninas) de preto, segui para uma noite de autógrafos do livro “O Vendedor de Sonhos”, do ultra-mega-best-seller Augusto Cury (nós temos o mesmo agente), na Saraiva do Morumbi Shopping.
Curiosidade: quando adaptei o romance “O Futuro da Humanidade”, do próprio Cury, para o cinema em um filme que talvez um dia exista, ele havia me dito que achava melhor modificar o título do roteiro. Eu sugeri “O Vendedor de Sonhos”, e Cury fez uma expressão pensativa e satisfeita, de quem havia gostado muito do título.
Pelo visto, ele gostou realmente do título.
Encontrei alguns Highlanders da Planeta, com quem pude discutir alguns assuntos editoriais, mas então em seguida enfim entendi porque o destino havia me levado até lá feito uma folha seca solta no roteiro de Forrest Gump: para que meu agente me apresentasse ao Starbucks Coffee.
Sabe, conhecer um local que serve cafés gelados misturados com chocolate, e com pedaços de chocolate dentro, é capaz de fazer um carioca que não gosta de café querer passar frio novamente em SP, apenas para refazer a experiência.
Cheguei à conclusão de que se Adão ficou tão entusiasmado com uma mísera maçã, se uma serpente tivesse lhe oferecido um copo “Tall” de Starbuck Coffee como pecado original, ele teria inaugurado ali mesmo o pecado da orgia.
E Eva que se preparasse, afinal, com tanta cafeína no sangue, e sem televisão a cabo, ela teria de ter bastante energia quando o sol se fosse…
Capítulo IV – O Turno da Noite
E a noite ainda teve fôlego para uma volta pela noite paulistana como co-piloto de Vianco. Era a hora de conhecer a metrópole pelos olhos de um de seus escritores mais clássicos.
É claro que ele quis me levar a Osasco, e é claro que ele quis me levar ao “Theatro dos Vampiros” (e se você vai a São Paulo e pretende viver eternamente, é melhor ser iniciado nos rituais vampíricos por André Vianco, não?).
Sabe, ver São Paulo à noite, quando o sol resolve descansar, e as luzes dos postes, dos prédios e dos monumentos são acesas (principalmente as coloridas, das blitzes animadas com a “lei seca”), é uma beleza que cativa e marca a memória.
A arquitetura daquele lugar tem quase poesia por detrás de seus grilhões de ferro e suas vidraças escurecidas. Uma poesia que pode melhor ser vista à noite quando as estradas estão livres, e o trânsito não está engarrafado à espera de uma tempestade que economize gasolina e transporte os carros de lugar.
O Rio de Janeiro tem sua beleza calcada na beleza natural de suas praias, lagoas, e arborização. São Paulo, porém, tem sua beleza exatamente na urbanização que explode no rosto de quem a vê por fora, e sente a mesma sensação do coração que pulsa diante da tecnologia e do progresso que assusta. E fascina.
Ah, sim! E terminamos essa noite em um bar de Pinheiros, à base de saladas e carpaccios servidos com cerveja escura e coca zero.
Do lado de fora, no meio da rua, cinco meninas animadas, expremidas dentro de uma Fiat, nos avistaram lá na janela do segundo andar, e começaram a buzinar e a gritar coisas surreais do tipo: “olha, olha lá no segundo andar!” e “uuuuh, bonitão!”. Vianco insistiu que aquelas reações todas eram para mim.
Eu acreditei.
Afinal, em uma cidade onde vampiros fazem coisas nas avenidas e cafés gelados são servidos com pedaços de chocolate, tudo; tudo parece realmente muito mais fantástico…
Anno Domini – Dia 19/07