Resenha sincera e completa sobre “Fios de Prata” de Nadja Moreno para o Escrev-Arte e para o Papiro Digital.
Links originais:
http://escrev-arte.blogspot.com.br/2014/02/resenha-fios-de-prata-raphael-draccon.html
http://papirodigital.com/literatura/livros/resenha-fios-de-prata-de-raphael-draccon/
Enjoy.
***
Este livro me causou um turbilhão de sensações. Certamente porque este substantivo o retrate muito bem. A princípio isso me incomodou bastante, mas a sequencia dele foi tão bem elaborada, inteligente e diferente que decidi que ele é sim um livro excelente e que merecia suas cinco estrelas, mesmo com algumas coisas que eu gostaria que tivessem sido escritas de outra forma.
A primeira coisa que me chamou atenção no livro, inicialmente de forma negativa, foi a miscelânea de linguagens. É redigido em terceira pessoa com um capítulo em primeira. Usa linguagem fluída e simples quando retrata o dia a dia dos jovens protagonistas, e uma rebuscada e mais complexa quando retrata o Sonhar, um outro plano onde nos encontramos quando dormimos. Eu já li livros assim e gostei muito. Neste me soou misturado demais, informação demais e não gostei. Não pareceu natural ou bem encaixado. Podia ter menos altos e baixos na linguagem. Do meio do livro para frente este mal estar se desfez e passou a ter mais coerência para mim estas mudanças.
A segunda coisa que me deu a sensação de turbilhão, de ‘demais’ foi a inserção de uma mistura de crenças, religiões, seitas, grupos, mitologia. Muita, muita informação. Alguns podem achar confuso. A ideia era juntar tudo numa coisa só, em uma centralidade onde tudo converge. Pensamento legal, mas que também só ficou mais harmonioso ao longo das páginas do meio para frente.
Os protagonistas – Mikael e Ariana são jovens atletas talentosos e famosos. Eu sinceramente não gostei muito de eles serem esportistas, não vi muita harmonia com o todo da estória que se desenrola ao longo de muitas páginas. Sei que vai ter quem vá me criticar, mas sinto como se fosse um nacionalismo forçado inserir os grandes personagens da estória como esportistas – jogador de futebol e ginasta. Não sei, sempre achei que o Brasil se destaca demais em uma infinidade de coisas muito bacanas para sempre centralizarmos nossos heróis nos esportes – pesquisa científica é uma delas (tá, parei, não falo mais disso, não é o objetivo da resenha). Pude ver de forma mais tranquila este aspecto e tirar meu mal jeito, quando o autor inseriu aspectos no final que, de certa forma, justificaram o porquê de Mikael ser atleta. Tá bom, ficou menos mal… Além disso o crescimento de Mikael no plano no Sonhar é tão forte e bem feito que eu o via como um moleque inconsequente, chato e sem conteúdo no começo, e terminei o livro vendo-o como um adulto responsável, forte, decidido e bom. Se fosse um filme, acho que seria difícil para o ator representar facetas tão diferentes de um personagem.
Tem outro aspecto que me chamou atenção. Fatos citados como consequências de situações acontecidas no plano do Sonhar. Algo lá refletia no plano físico e estes reflexos muitas vezes me soaram familiares, coisas que realmente vi acontecer. Achei uma jogada genial do autor. Já vimos autores que se destacaram no universo literário pela facilidade de misturar realidade e ficção de forma factível não é? Mas eu estranhei um detalhe. O espaço-tempo me pareceu destoado. Em vários pontos parecia que tudo que estava acontecendo no Sonhar era algo atual, dentro da mesma contagem de tempo do plano físico. Mas o autor cita fatos de muito tempo atrás, junto com fatos atuais – inclusive citando obras e autores ‘da moda’, como consequência das guerras no Sonhar. Eu me perdi sinceramente… Além disso nas passagens que citava as consequências no plano físico, a passagem terminava com uma frase do tipo: “E os assassinos, até hoje, caminham impunemente”. Mas não estava acontecendo naquele momento? Então a frase fica sem sentido. Bom, isso me deu um nó no cérebro. Gostei e não gostei ao mesmo tempo. Na mesma intensidade.
Outros pequenos pontos que me martelavam a mente enquanto lia: Os deuses se apelidavam constantemente em seus diálogos. Achei desnecessário, diante de um livro com tanta informação. Tinha hora que me perdia de quem falava com quem. E termos em caixa alta. Vários, o tempo todo. Não gostei. E os longos discursos ou diálogos sobre ‘o homem de hoje’. Não gosto destes rompantes de livro de autoajuda no meio da ficção e fantasia.
Aí você deve estar se perguntando: Nadja, então porque deu cinco para o livro, se tem tanta coisa que desgostou? Explico.
Draccon faz uma junção de fatos e acontecimentos não muito bem explicados ou entendidos, posturas que as pessoas assumem e que ninguém entende, e dá um significado. Junta vários planos além do físico e traça um caminho de ação e reação, de escolha e consequência que clareia os porquês. O autor insere na fantasia a justificativa para os sonhos, para a esperança, para o bem. E esta parte não soou apelativa ou forçada. Pareceu-me claro, verdadeiro, realmente plausível e justificável. Tudo é consequência. Simples assim. O que fazemos – ou deixamos de fazer – aqui, reflete nos outros planos e vice-versa.
“Capitão… – ele disse, focando no súdito – acaso sabes como calar a voz de um demônio em batalha?” O capitão talvez tenha sabido um dia. Mas não naquele. “Hoje não sei, majestade…” “Diga a ele: Eu sou a Esperança.”
Além disso tenho de tirar o chapéu para Draccon em passagens graciosas, como o fato de o fio de prata que nos mantém ligados quando estamos, sob uma perspectiva, em dois planos ao mesmo tempo, ser um frio traçado de trilhões de cordas… Ficou lindo de se imaginar.
Lindo também a ligação com Dimas. Se você não sabe de que Dimas estou falando, leia o livro… Vai concordar comigo que é uma referência bem bacana!
O autor cita várias vezes obras atuais, grandes autores e os insere muito bem na trama. Não parece um parágrafo à parte… É quase como que se eles fossem também de certa forma personagens da trama. Magnífica a cena da árvore dos escritores… Nem que seja para visualizá-las e nada mais, já vale a pena ler todas as suas 352 páginas.
Os diálogos são rápidos. Para mim, um dos pontos mais importantes. Odeio, odeio mesmo quando o autor insiste em explicar quem fala o que, sem deixar que o leitor entenda por si só. “Fulano disse:; Beltrano respondeu:; Aí virando-se Ciclano comenta:” Ahhh, cansa, irrita. Odeio diálogos engessados e os de Draccon, sem dúvida não o são. Altamente fluídos.
Fluído também fica o livro depois de um certo ponto, e, apesar de ter sequências longas de diálogos e cenas de guerra com riqueza de detalhes que pareciam excessivas, não dá para não ler. Queremos saber o que vem depois e depois e depois. Os cortes de cena entre os dois planos vão sendo feitos cada vez mais rápidos e cadenciados que a gente se sente viajando para lá e para cá com nossos fios. Havia tempo que não me sentia literalmente viajando nas páginas de um livro desta forma. Sentia na pele a transição de um lugar para o outro.
Existe romance? Sim. Ele está lá permeando tudo, mas sem ser, nem de longe, o mais importante. Mas ao mesmo tempo, o amor entre os dois é o que dá sentido a tudo. Tudo é por eles. Tudo acontece por eles… Ou por… Ah, bom… Melhor você ler para entender. Tem um lance do avatar lá no plano do Sonhar que foi a sacada bacana, genial e fofa no finalzinho do livro. (E nem adianta ir lá no final e ler, porque você não vai entender o contexto. Tem de ler o livro todo, ok?).
E existe guerra. Claro. Muita guerra, muitos seres fantasiosos medonhos! Muito bem explicados e apresentados pelo autor. Me lembrei de quando assistia os filmes de Freddy Krueger e tinha um certo receio em dormir. Draccon me causou, ao mesmo tempo, medo dos sonhos, e esperança que só se configura neles.
Recomendo a leitura. Calma, despretensiosa e apaixonada leitura.
Resenha | Fios de Prata, de Raphael Draccon
Mikael Santiago realizou o sonho de milhares de garotos. Aos 22 anos era o jogador brasileiro com o passe mais caro da história do futebol. Mas à noite os sonhos o amedrontavam. Às vezes, o que está por trás de um simples sonho – ou pesadelo – é muito maior que um desejo inconsciente. Há séculos, Madelein, atual madrinha das nove filhas de Zeus, tornou-se senhora de um condado no Sonhar, responsável por estimular os sonhos despertos dos mortais. Uma jogada ambiciosa que acaba por iniciar uma guerra épica envolvendo os três deuses Morpheus, Phantasos e Phobetor, traz desordem a todo o planeta Terra e ameaça os fios de prata de mais de sete bilhões de sonhadores terrestres. Envolvido em meio a sonhos lúcidos e viagens astrais perigosas, a busca de Mikael pelo espírito da mulher amada, entretanto, torna-se peça fundamental em meio a uma guerra onírica. E coloca a prova sua promessa de ir até o inferno por sua amada.
Resenha
Este livro me causou um turbilhão de sensações. Certamente porque este substantivo o retrate muito bem. A princípio isso me incomodou bastante, mas a sequencia dele foi tão bem elaborada, inteligente e diferente que decidi que ele é sim um livro excelente e que merecia suas cinco estrelas, mesmo com algumas coisas que eu gostaria que tivessem sido escritas de outra forma.
A primeira coisa que me chamou atenção no livro, inicialmente de forma negativa, foi a miscelânea de linguagens. É redigido em terceira pessoa com um capítulo em primeira. Usa linguagem fluída e simples quando retrata o dia a dia dos jovens protagonistas, e uma rebuscada e mais complexa quando retrata o Sonhar, um outro plano onde nos encontramos quando dormimos. Eu já li livros assim e gostei muito. Neste me soou misturado demais, informação demais e não gostei. Não pareceu natural ou bem encaixado. Podia ter menos altos e baixos na linguagem. Do meio do livro para frente este mal estar se desfez e passou a ter mais coerência para mim estas mudanças.
A segunda coisa que me deu a sensação de turbilhão, de ‘demais’ foi a inserção de uma mistura de crenças, religiões, seitas, grupos, mitologia. Muita, muita informação. Alguns podem achar confuso. A ideia era juntar tudo numa coisa só, em uma centralidade onde tudo converge. Pensamento legal, mas que também só ficou mais harmonioso ao longo das páginas do meio para frente.
Os protagonistas – Mikael e Ariana são jovens atletas talentosos e famosos. Eu sinceramente não gostei muito de eles serem esportistas, não vi muita harmonia com o todo da estória que se desenrola ao longo de muitas páginas. Sei que vai ter quem vá me criticar, mas sinto como se fosse um nacionalismo forçado inserir os grandes personagens da estória como esportistas – jogador de futebol e ginasta. Não sei, sempre achei que o Brasil se destaca demais em uma infinidade de coisas muito bacanas para sempre centralizarmos nossos heróis nos esportes – pesquisa científica é uma delas (tá, parei, não falo mais disso, não é o objetivo da resenha). Pude ver de forma mais tranquila este aspecto e tirar meu mal jeito, quando o autor inseriu aspectos no final que, de certa forma, justificaram o porquê de Mikael ser atleta. Tá bom, ficou menos mal… Além disso o crescimento de Mikael no plano no Sonhar é tão forte e bem feito que eu o via como um moleque inconsequente, chato e sem conteúdo no começo, e terminei o livro vendo-o como um adulto responsável, forte, decidido e bom. Se fosse um filme, acho que seria difícil para o ator representar facetas tão diferentes de um personagem.
Tem outro aspecto que me chamou atenção. Fatos citados como consequências de situações acontecidas no plano do Sonhar. Algo lá refletia no plano físico e estes reflexos muitas vezes me soaram familiares, coisas que realmente vi acontecer. Achei uma jogada genial do autor. Já vimos autores que se destacaram no universo literário pela facilidade de misturar realidade e ficção de forma factível não é? Mas eu estranhei um detalhe. O espaço-tempo me pareceu destoado. Em vários pontos parecia que tudo que estava acontecendo no Sonhar era algo atual, dentro da mesma contagem de tempo do plano físico. Mas o autor cita fatos de muito tempo atrás, junto com fatos atuais – inclusive citando obras e autores ‘da moda’, como consequência das guerras no Sonhar. Eu me perdi sinceramente… Além disso nas passagens que citava as consequências no plano físico, a passagem terminava com uma frase do tipo: “E os assassinos, até hoje, caminham impunemente”. Mas não estava acontecendo naquele momento? Então a frase fica sem sentido. Bom, isso me deu um nó no cérebro. Gostei e não gostei ao mesmo tempo. Na mesma intensidade.
Outros pequenos pontos que me martelavam a mente enquanto lia: Os deuses se apelidavam constantemente em seus diálogos. Achei desnecessário, diante de um livro com tanta informação. Tinha hora que me perdia de quem falava com quem. E termos em caixa alta. Vários, o tempo todo. Não gostei. E os longos discursos ou diálogos sobre ‘o homem de hoje’. Não gosto destes rompantes de livro de autoajuda no meio da ficção e fantasia.
Aí você deve estar se perguntando: Nadja, então porque deu cinco para o livro, se tem tanta coisa que desgostou? Explico.
Draccon faz uma junção de fatos e acontecimentos não muito bem explicados ou entendidos, posturas que as pessoas assumem e que ninguém entende, e dá um significado. Junta vários planos além do físico e traça um caminho de ação e reação, de escolha e consequência que clareia os porquês. O autor insere na fantasia a justificativa para os sonhos, para a esperança, para o bem. E esta parte não soou apelativa ou forçada. Pareceu-me claro, verdadeiro, realmente plausível e justificável. Tudo é consequência. Simples assim. O que fazemos – ou deixamos de fazer – aqui, reflete nos outros planos e vice-versa.
“Capitão… – ele disse, focando no súdito – acaso sabes como calar a voz de um demônio em batalha?” O capitão talvez tenha sabido um dia. Mas não naquele. “Hoje não sei, majestade…” “Diga a ele: Eu sou a Esperança.”
Além disso tenho de tirar o chapéu para Draccon em passagens graciosas, como o fato de o fio de prata que nos mantém ligados quando estamos, sob uma perspectiva, em dois planos ao mesmo tempo, ser um frio traçado de trilhões de cordas… Ficou lindo de se imaginar.
Lindo também a ligação com Dimas. Se você não sabe de que Dimas estou falando, leia o livro… Vai concordar comigo que é uma referência bem bacana!
O autor cita várias vezes obras atuais, grandes autores e os insere muito bem na trama. Não parece um parágrafo à parte… É quase como que se eles fossem também de certa forma personagens da trama. Magnífica a cena da árvore dos escritores… Nem que seja para visualizá-las e nada mais, já vale a pena ler todas as suas 352 páginas.
Os diálogos são rápidos. Para mim, um dos pontos mais importantes. Odeio, odeio mesmo quando o autor insiste em explicar quem fala o que, sem deixar que o leitor entenda por si só. “Fulano disse:; Beltrano respondeu:; Aí virando-se Ciclano comenta:” Ahhh, cansa, irrita. Odeio diálogos engessados e os de Draccon, sem dúvida não o são. Altamente fluídos.
Fluído também fica o livro depois de um certo ponto, e, apesar de ter sequências longas de diálogos e cenas de guerra com riqueza de detalhes que pareciam excessivas, não dá para não ler. Queremos saber o que vem depois e depois e depois. Os cortes de cena entre os dois planos vão sendo feitos cada vez mais rápidos e cadenciados que a gente se sente viajando para lá e para cá com nossos fios. Havia tempo que não me sentia literalmente viajando nas páginas de um livro desta forma. Sentia na pele a transição de um lugar para o outro.
Existe romance? Sim. Ele está lá permeando tudo, mas sem ser, nem de longe, o mais importante. Mas ao mesmo tempo, o amor entre os dois é o que dá sentido a tudo. Tudo é por eles. Tudo acontece por eles… Ou por… Ah, bom… Melhor você ler para entender. Tem um lance do avatar lá no plano do Sonhar que foi a sacada bacana, genial e fofa no finalzinho do livro. (E nem adianta ir lá no final e ler, porque você não vai entender o contexto. Tem de ler o livro todo, ok?).
E existe guerra. Claro. Muita guerra, muitos seres fantasiosos medonhos! Muito bem explicados e apresentados pelo autor. Me lembrei de quando assistia os filmes de Freddy Krueger e tinha um certo receio em dormir. Draccon me causou, ao mesmo tempo, medo dos sonhos, e esperança que só se configura neles.
Recomendo a leitura. Calma, despretensiosa e apaixonada leitura.
Post bem detalhado e bem-humorado de Sérgio Magalhães para o Azilator.
Link original: http://azilator.com.br/baiao-de-letras/a-recriacao-dos-contos-de-fadas-em-dragoes-de-eter/
Enjoy.
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A Recriação dos Contos de Fadas em Dragões de Éter
Antes de falar sobre o assunto de hoje, não posso começar esse primeiro Baião de Letras do ano sem dizer feliz 2014 amigos leitores!
Pois é, atravessamos nosso primeiro ano aqui no Azilator sem nenhuma falha, mantendo as publicações toda segunda feira religiosamente. Não vou me estender mais sobre o Baião em si, até porque tudo o que poderia dizer, já o foi no último post. Só gostaria de dizer que, se depender de meu esforço e vontade, vamos passar mais um ano falando muito sobre leitura e literatura por aqui. Mas essa coluna não é algo único; precisamos de seu apoio sempre, comentando, indicando e compartilhando as publicações com os amigos, certo? Vocês são o combustível desse trabalho!
Sem mais, vamos ao tema de hoje…
Vamos falar de Tekpix
Dragões de Éter (LeYa), trilogia que teve seu primeiro livro publicado sem muito alarde em 2007, é hoje um dos bastiões de nossa, cada vez mais forte, literatura de fantasia nacional. Seu autor, Raphael Draccon, é tido como um dos mais prolíficos escritores dessa nova geração, isso é inquestionável. Porém, devo confessar que até ler Caçadores de Bruxas, primeiro volume dessa trilogia, eu desconhecia totalmente qualquer coisa sobre o livro. Certo, eu sabia que ele foi escrito com base em contos de fadas mas, fora isso, a obra sempre foi um profundo mistério para mim. Como leitor, sofro do eterno problema que muitos de vocês, certamente, conhecem muito bem: ter mais livros na estante do que se consegue ler! Principalmente no atual mercado editorial brasileiro, é quase impossível acompanhar sequer os lançamentos, imagina voltar para ler livros já publicados.
Com relação à obra de Draccon, isso mudou para mim quando aproveitei uma oportuna promoção de um site de vendas on-line, muito motivado pelas novas capas ilustradas pelo mestre Mark Simonetti (o mesmo que ilustrou as capas nacionais d’As Crõnicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin). Sempre tive – e ainda tenho -, uma dívida pessoal com alguns autores bastante conhecidos, mas que não tive a oportunidade de ler; como já disse algumas vezes, sou um leitor tardio de obras de caráter nerd/geek. Ora, tão logo o box com a trilogia chegou, não resisti a tentação de passar ele na frente de outros livros da fila, e tive que desvendar as páginas, para mim, desconhecidas e deveras misteriosas até então. E como me alegro por ter feito isso!
Zezé di Camargo e Draccon – Separados no Nascimento
Dizem que se um livro não lhe ganha logo nas primeiras páginas ele não será bom para você! Então o que dizer de um que lhe ganha na primeira página? Ou melhor, no primeiro parágrafo? Na primeira linha?! Pois foi isso que aconteceu quando abri Dragões de Éter – Vol.1 Caçadores de Bruxas. Fui surpreendido logo de cara por vários aspectos que, juntos, compõe um dos livros mais significativos que tive a oportunidade de ler – dentro de seu gênero, óbvio.
O que sabia sobre o livro se provou verdade logo de inicio, o enredo é construído basicamente sobre contos de fadas mundialmente conhecidos. Porém, seu objetivo com isso não é narrar sobre uma nova ótica essas estórias, mas ir além do “E foram felizes para sempre…”, continuar o enredo exatamente do ponto em que pararam, sem, com isso, negligenciar o conto original, contado de forma precisa logo no começo do livro. Vários contos são citados ao longo da narrativa com referências que, ao mesmo tempo remetem ao original, e reveste-o com uma nova e interessante visão.
Dentre essas estórias que lhes serve de base, três em especial formam o enredo principal neste primeiro volume da trilogia: João e Maria (Irmãos Grimm), Chapeuzinho Vermelho (Irmãos Grimm) e Peter Pan (J.M. Barrie). Como disse acima, outros contos surgem ao longo do livro (Branca de Neve, O Príncipe Sapo), até mesmo como fortes referências, mas a estrutura básica da obra é construída sobre esses três descritos.
Fazendo um resumo rápido do livro (sem entregar nada que estrague sua leitura, claro) ele narra algumas estórias que, ao longo do enredo, se entrelaçam e acabam se conflitando no final. Uma delas é a de Ariane, uma jovem que vê sua avó ser morta por um terrível lobo, e é salva por um corajoso caçador; outra conta a tragédia de João e Maria, dois irmãos que, deixados sozinhos no bosque pelos país – por um motivo explicado depois -, acabam sendo capturados por uma bruxa que pretende devorá-los; em outro local, vislumbramos a saga de Jamil Coração de Crocodilo, filho legítimo, mas não querido, do infame Capitão James Gancho; e por fim temos a trama da família real Branford, mais precisamente de seu filho, e príncipe, mais novo, Axel. O enredo se concentra em Andreanne, capital do reino de Arzallum.
Governado por Primo Terra Branford, Rei que conquistou sua coroa após liderar uma épica batalha contra as mais malignas criaturas do mundo, fato conhecido como Caçadas às Bruxas, ele vê, de repente, seu reino tomado pelas terríveis maquinações do pirata Jamil Coração de Crocodilo, que trás a guerra e o medo para dentro das muralhas da cidade-capital.
Dragões de Éter sem preconceitos com raças.
Não podemos prosseguir mais sem antes citar o mundo criado por Draccon para ambientar a trilogia. Nova Ether é, ao mesmo tempo, um mundo bem focado no estilo Alta Fantasia – em que brilham o trabalho de J.R.R. Tolkien e C.S.Lewis -, mas diferente mesmo assim. Segundo narrador, este mundo só existe pela força do pensamento de um semideus, conhecido como O Criador; um fruto direto da influencia dessa entidade dentro deste mundo são as fadas, semideusas que são extensões da vontade deste ser semidivino.
Nova Ether possui como base os conceitos da fantasia medieval, mas vão além disso em alguns momentos, sendo um ambiente bem mais mágico, sobrenatural e mutável que a Terra-Média ou Nárnia. Fora isso, as referências sempre presentes á elementos da cultura pop contemporânea (Final Fantasy, Nirvana, etc) concedem um ar ainda mais envolvente ao ambiente descrito.
Duvido a chapeuzinho entrar nessa floresta oh doido… eu duvido!
Mais acima, disse que alguns aspectos me chamaram a atenção no livro e que, juntos, a tornam uma obra singular dentro de seu estilo. Então, o que destaco como mais surpreendente, dentre todos esses aspectos citados, é a forma como são abordados os contos de fadas ao longo do enredo. Sim, como já denunciei o autor não pretende recontar, mas estender as tramas para além do que se sabe no senso comum, inclusive contextualizando vários acontecimentos que sempre causaram estranheza aos leitores/ouvintes como: por que a mãe da chapeuzinho vermelho deixou ela ir sozinha visitar a avó que morava no meio de uma floresta? Por que os pais de João e Maria os abandonaram no bosque?
Em Caçadores de Bruxas essas e muitas outras perguntas são respondidas, e muito bem, pelo enredo envolvente e bem construído do autor. Outro ponto de imenso – mas IMENSO mesmo -, destaque se refere ao narrador da trama. Escrito em terceira pessoa (narrador-observador), a fala escrita aqui remete diretamente ao Bardo que, na tradição oral em que surgiram a maioria desses contos de fadas, contava suas lendas e fábulas ao redor da fogueira em pequenos vilarejos medievais. O modo como a narração se desenrola recria, de forma sublime, a contação de histórias do menestrel antigo – inclusive na forma como dialoga com o leitor e questiona as motivações dos personagens do enredo elementos do cenário.
Embora não seja algo novo em literatura, o modo como foi inserido aqui concedeu ao livro um tom marcante, e inesquecível ao leitor, garanto.
Perainda que eu rô subir bem ali assPUTAQUIPARIU!!!!
Agora vê deve estar pensando “e não existe ruim no livro?”. Sim, existem sim. No entanto, pequenos detalhes, quase irrelevantes, perdem ainda mais sua significância quando os acertos são tão incríveis! Duvida do que estou dizendo, então folheie o quanto antes do livro e descubra. Finalizei Caçadores de Bruxas, primeiro livro da trilogia Dragões de Éter, com uma sensação de descoberta, e satisfação literária; semelhante á alguém que acaba de descobrir algo novo e, ao mesmo tempo tão maravilhoso, que necessita compartilhar com alguém o quanto antes – agora você sabe por que o primeiro Baião do ano é sobre esse livro, hein?!. Fico feliz que ainda restem mais dois livros pela frente. Não sei nada sobre eles, nem se são continuações diretas do enredo deste primeiro livro, mas não me aguento de ansiedade para ler. Assim, aguardem em breve resenhas deles por aqui, certo?
Espero ter esclarecido um pouco sobre o livro, e que possam se motivar à lê-lo tão logo o tenham mãos. Há, não esqueçam, caso tenham gostado não deixem de compartilhar, e comentar sobre suas experiências com esse, e outras leituras.
Abraço e até a próxima.
Post de Thaís Chaves para o Com Café Em Roma.
Link original: http://comcafeemroma.blogspot.com.br/2014/01/o-que-tem-na-literatura-de-draccon.html
Enjoy.
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O que tem na literatura de Draccon?
Estou de volta, e com uma pergunta não muito difícil. O que tem na literatura de Draccon? Este final de semana li Espíritos de Gelo e fiquei encantada com a destreza de Raphael Draccon para escrever. Ele é dominador de uma maestria literária simplesmente incrível, escreve de uma tal forma que te prende em todo o livro. Espíritos de Gelo não foi a minha primeira experiência com os livros dele, já li também Fios de Prata neste, por exemplo, ele tem em seu personagem principal tudo o que se espera, tornando-o de uma personalidade intrigante e interessante, o melhor é como Draccon consegue associar todos esses universos sobrenaturais a fatores cotidianos. No meu caso que amo ler e amo futebol, quando comecei a ler Fios de Prata pensei: Como assim o personagem principal é um jogador de futebol?? Fiquei maravilhada na forma como ele faz com que mundos tão diferentes possam se moldar tão bem.
Infelizmente, não estou aqui para falar deste livro, mas para falar de Espíritos de Gelo. É um livro tão intrigante que se você puder, vai ler em um dia. O personagem principal tem uma história pra contar que de inicio é bem estranha, mas a forma como ele é obrigado a contar faz com que você queira saber cada vez mais, e sinceramente, teve horas em que eu tive vontade de tortura-lo só para que suas memorias voltassem mais rápido e ele continuasse a contar. O final do livro é maravilhoso e inacreditável, realmente fiquei de boca aberta e eu como boa leitora entendi o lado do personagem principal e não apoiaria o que fizeram com ele, independente do o que ele tenha feito.
Outra coisa maravilhosa são as referencias que ele faz no livro – não sei vocês, mas foram sobre coisas que eu gosto – coisas essas que me fizeram parar de ler pra questionar com ele. Por exemplo, como assim você acha que os Beatles podem ter sido satânicos? E espera ai, Winchesters? Você disse Winchesters? Sinceramente eu não esperava que alguém citasse Supernatural em livros e eu achei incrível, afinal sou fã da série.
Além de todas essas coisas, eu nunca fui muita fã de literatura nacional, e com os livros dele mudei radicalmente de ideia. Também me sinto inspirada por ele e sua esposa, a fofa Carolina Munhoz, afinal também gosto de escrever e tenho meus projetos!!
Resenha de Pedro Melo para o “Espaço Books”.
Link original: http://espacobooks.blogspot.com.br/2014/01/resenha-dragoes-de-eter-cacadores-de.html?spref=tw
enjoy.
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Resenha: Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas
Título: Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas
Saga: Dragões de Éter – Livro 1
Autor(a): Raphael Draccon
Editora: Planeta/Leya
Páginas: 424/440
Ano: 2007/2010
Não sei ao certo o motivo de não ter lido esse livro antes; Eu fiquei estasiado e com as minhas emoções todas embaralhadas. Quando eu pensava que o livro iria acabar tranquilamente, logo após o final e algumas informações do autor, existe um apêndice que te deixa de boca aberta e quando você termina o livro e lê ele, tudo começa a fazer sentido. Acho que vocês ja perceberam que eu amei o livro, e bem, ja comecei o livro com as expectativas lá em cima.
Para as pessoas que gostam de contos de fada, e até mesmo para aqueles que não gostam, mais sabem da estória. Esse livro é mais do que recomendado para todos; Pelo simples motivo, vocês começarão a ver essas estórias com uma nova visão e perceberão que nem tudo acaba com um final feliz. Primeiramente os personagens conhecidos dos contos que vamos acompanhar serão três: João e Maria; Ariane (Chapeuzinho Vermelho). A estória que conhecemos desses três personagens irão ser contadas para ficarmos mais familiarizados, mas o que me surpreendeu foi que não é apenas isso que acontece. O autor nos conta o que acontece antes dessas estorias e o que acontece depois, e o desenrolar fica cada vez mais emocionante.
O Narrador parece conversar com nós leitores, fazendo interrupções quando necessário e explicando algo para depois nós contar. É realmente uma sacada muito boa e isso faz com que a narrativa seja mas ágil. Acredito eu que os outros dois livros irá nos contar sobre outros personagens dos contos, pois as novas capas da série nos dar a entender isso, mas é claro que os personagens desse livro possam talvez fazer uma “ponta” nos outros livros, como a Branca de Neve, que apareceu por um pequeno no tempo no começo da estória e também alguns dos anões.
O mais interessante é que o autor, ele consegue interligar um conto ao outro sem muito esforço, quando você menos perceber, ja está em outro conto, é realmente muito legal essa troca, pois tem toda uma estória e vários acontecimentos subsequentes. Os pais de nossos personagens principais se conhecem, sendo que esses personagens cada um tem sua própria história. Pode parecer complicado, mas quando você começa a ler, vai vendo que é mais fácil de compreender do que você imagina. E claro que nem tudo é feliz, acontece um grande problema, um pirata chamado Jamil Coração de Crocodilo, que é filho bastardo de James Gancho. Decide atacar o reino chamado Arzallum, onde a maior parte da estória acontece.
Você viu que escrevi tanta coisa, sobre tantos assuntos superficiais, mais se você ainda está com alguma duvida, bem, vou dar um resumo desse mundo, certo? — Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas. Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia, satisfeito, a Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a acontecer… Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com magia negra. Dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem passas silvestres e bebem água barrenta como se fosse suco, envolvidos pela magia escura de uma antiga bruxa canibal. O navio do mercenário mais sanguinário do mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna dos mares com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes mistérios da família real.
Estou muito animado para ler o segundo volume dessa trilogia; Esse livro é mais do que recomendado, tenho certeza que vocês não irão se decepcionar com ele.
Resenha do Cafeína Literária de “Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas”.
Link original: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2011/12/04/drops-dragoes-de-eter/
Enjoy.
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Havia comprado o livro (autografado) em um workshop sobre a jornada do herói, ministrado pelo Eduardo Spohr e pelo próprio Raphael Draccon, há mais de um ano. Ele estava quase no fim na minha (sempre extensa) lista de leitura. Até que me inscrevi em um outro workshop, desta vez sobre roteiro, com o Draccon. Achei que deveria, antes da data do workshop, ao menos saber como ele escrevia e se eu gostava ou não do que ele escrevia. E o primeiro volume de Dragões de éter cortou a fila.
Admito que o título e algumas resenhas deixaram-me meio com “o pé atrás” antes de iniciar a leitura. Tive a impressão (felizmente errônea) de que a estória era fantasiosa e espiritual demais para o meu gosto literário. E, logo nas primeiras páginas, fui favoravelmente surpreendida por uma narrativa despretensiosa e ao mesmo tempo sedutora, repaginando de modo bastante criativo os contos de fadas que povoaram meu imaginário durante a infância.
Duas características – além da estória em si, lógico – acredito que sejam responsáveis pelo fato do livro agradar tanto. A narrativa é feita em terceira pessoa. E o narrador é uma atração à parte. Bastante parcial e opiniático, conversa com o leitor de uma maneira que o deixa confortável e muito à vontade com todo o universo da estória. Fez-me lembrar bastante o narrador de “O hobbit”, com seus comentários, por vezes jocosos, no decorrer da narrativa. Outro facilitador são os capítulos pouco extensos. Sei que é psicológico, mas iniciar a leitura e ver que o capítulo estende-se por vinte e tantas páginas às vezes é desanimador. Com capítulos curtos, além de sabermos que podemos lê-los em pequenos intervalos de tempo, avançamos na leitura sem perceber. É algo assim: “ah, este capítulo é pequeno… só mais um… só mais um…”. E quanto notamos, a noite avançou e ainda estamos imersos, acompanhando as aventuras e desventuras dos personagens.
Se alguém me pedir indicação de um livro de literatura fantástica (mesmo não especificando que deva ser brasileiro), eu certamente irei sugerir Dragões de éter. Aliás, farei isso principalmente se quem pedir a indicação não for leitor assíduo desse estilo de narrativa. Acredito que o talento de Draccon consiga despertar o interesse por literatura fantástica até em quem habitualmente lê romances ou biografias. Afinal, a estória é envolvente, a premissa é inteligente, a escrita é fluida. E não há como negar, vender 70 mil exemplares num país que não tem muito o hábito da leitura e mais, não tem tradição em literatura fantástica, é algo que não pode ser desconsiderado.
Resenha de rolando Ramiro para o “+ Cultura”, sobre a versão mexicana de “Dragones de Éter”.
Link original: http://www.mascultura.com.mx/recomendacion_dragonesdeeter1
Enjoy.
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¿Qué fue de Caperucita Roja, Hansel, Grettel y el capitán Garfio? Descúbrelo en DRAGONES DE ÉTER I
De alguna u otra forma ustedes se habrán relacionado, durante su infancia, con la trágica historia de la Caperucita Roja, las desventuras de los pequeños hermanos Hansel y Gretel o la eterna rivalidad entre Peter Pan y el temido Capitán Garfio. Y aunque la cualidad de muchas de estas historias sea la constante transformación, tendremos en mente algún final parecido.
Sin embargo, ¿qué habrá sucedido después de esa conclusión que recordamos de los relatos? ¿Qué fue de Caperucita después de haber sido rescatada, de los hermanos tras el trauma del secuestro o de Garfio con el cocodrilo siguiéndolo hasta el fin del mundo?
Raphael Draccon, movido por cuestionamientos parecidos, nos presenta el “continuará” de esas historias que ostentaban un final, en muchos casos, feliz. “Dragones de Éter I: Cazadores de brujas” (Random House Mondadori, 2013) reelabora las historias y las dispone en un tiempo y en un espacio distintos para crear un mundo llamado Nueva Éter.
“Dragones de Éter I” es la historia de Ariane, María y João, los sobrevivientes en las historias conocidas de la niña con caperucita roja y los hermanos encantados por las delicias de una casita de dulces, respectivamente. Tras las tragedias superadas, todos viven en una aparente tranquilidad a punto de ser quebrantada por el pirata Jamil, Corazón de Cocodrilo, quien está decidido en enfrentarse al Rey Primo Branford y toda la familia real.
Raphael Draccon se apropia de lo que él considera la imaginación colectiva de la humanidad para crear un mundo mágico que explica historias ya conocidas y las impulsa a una segunda parte. Sin considerar el resto de los libros que conforman esta trilogía, la primera entrega de “Dragones de Éter” construye lo que pareciera la constante en el universo: no existe un espacio ni tiempo completamente bueno ni malo, pues son dos formas de estar condenadas a convivir en cada momento y en cada página.
“Dragones de Éter I: Cazadores de brujas” expone un periodo apacible, sin tanto de haber salido de una encarnizada disputa entre el bien y el mal; o el amor y el odio, como se dirá en el mismo libro: los dos grandes motores de muchas de las acciones ejecutadas cotidianamente. ¿O no consideran que estas son fuertes razones que motivan a la gente a incursionar por distintos senderos? Desde el acto más loable, hasta la guerra más atroz. Y sí, no siempre el amor es lo bueno y viceversa. Aquí todo se puede entremezclar sin dejar fronteras distinguibles entre sí.
Quizá, en Nueva Éter, se haya superado una de las etapas más oscuras después de la llamada Cacería de Brujas; puede que la tranquilidad se haya logrado restablecer tras el derramamiento de sangre. Sin embargo, en el reino de Arzallum no todo ha terminado, no hay que olvidar que nuestro creador en Nueva Éter no está conforme con los finales de las historias condenadas a transformarse y a seguirse contando.
Como dijo alguna vez otro creador de mundos, en otro mundo: Nada termina nunca.
Por: Rolando Ramiro Vázquez Mendoza
Imagen: Portada del libro “Dragones de Éter I: Ca
Resenha da escritora e crítica literária do O Globo, Ronize Aline, sobre “Fios de Prata – Reconstruindo Sandman”.
Para quem se interessar pelo livro, aliás, o Submarino está fazendo um bom desconto nesse link -> http://www.submarino.com.br/produto/111641775/livro-fios-de-prata-reconstruindo-sandman
Link original: http://www.ronizealine.com/2013/10/fios-de-prata.html
Enjoy!
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[Resenha] Tecendo os Fios de Prata
A criação artística sempre manteve estreita ligação com o cenário dos sonhos, onde os rígidos limites racionais são rompidos e as possibilidades mais delirantes ganham forma. Criar é ousar, romper barreiras, arriscar, pensar fora da caixa, como diriam os americanos (think outside the box, no original). Criar é sonhar acordado. Ou sonhar desperto, como diria Raphael Draccon em seu Fios de Prata: reconstruindo Sandman, cuja resenha apresento abaixo.
Fios de Prata, o livro
“Nós somos do tecido de que são feitos os sonhos”, escreveu Shakespeare certa vez, quem sabe ele próprio acostumado a moldar a matéria de que são feitos os sonhos para criar suas obras. Sonhar é ousar para além dos limites de quando estamos acordados. Mas e quem ousa sonhar acordado? São sonhadores que se transformam em escritores, músicos, pintores, escultores, toda sorte de artistas. Raphael Draccon, autor da obra de fantasia Fios de Prata: reconstruindo Sandman, é um sonhador que ousa sonhar acordado – ou desperto. Afinal, o que dizer de um escritor que se propõe a reconstruir um mito enraizado no imaginário coletivo e eternizado na obra de ninguém menos do que Neil Gaiman? No mínimo, que tal incursão literária é uma ousadia. Aliás, ousadia é uma ideia que permeia todo o livro e a matéria da qual é moldado o personagem principal, Allejo.
Ao contrário do que se possa imaginar, Allejo não é o nome de nenhum deus fantástico, mas o apelido pelo qual é conhecido Mikael Santiago, famoso jogador de futebol brasileiro em ascensão internacionalmente. E aí reside um dos muitos méritos de Draccon. Ao tecer seu romance, o autor coloca sob a mesma narrativa habitantes do reino da fantasia e simples mortais. E faz isso seguindo, com uma escrita precisa e dinâmica, os fios de prata que ligam os sonhadores a suas formas de sono, tal qual um Teseu que se guia pelos fios de linha deixados no labirinto por Ariadne. São os fios de prata que ligam os dois mundos, antes unidos apenas durante o sonhar, mas que agora irão entrelaçar-se de maneira indefectível. “Eu sonho como se estivesse acordado”, diz Allejo em determinado momento.
Tudo começa quando um irmão ciumento do sucesso de outro resolve vingar-se por conta de uma trapaça realizada no passado, dando origem a uma guerra entre semideuses. O deus Hypnos delegou o Reino do Sonhar a seus três filhos, deuses menores: Phantasos, o Lorde das Fadas; Phobetor, o Senhor do Escuro, e Morpheus, o Senhor do Sono. Morpheus, o caçula, conseguiu enganar seus irmãos e ficou conhecido entre os humanos como o único deus dos sonhos. Phobetor, em cujos territórios têm lugar os sonhos mais sombrios, pretendendo se vingar dessa trapaça, quer para si tudo o que o irmão conquistou. E Phantasos, em cujos territórios reina a fantasia, não deixará que os irmãos levem a melhor. É no território de Phantasos que vive Madelein, o Anjo dos Sonhos, que recebe em seus domínios os sonhadores despertos. “Foi a mim [...] que o dramaturgo veio pedir a bênção antes de retornar, que o surdo tirou força para enfrentar o infortúnio que escolhera e montar a sinfonia, que o Divino pediu ajuda para pintar a Capela. Alguns deles vêm até mim à noite para sonhar dentro de seus próprios sonhos. Mas antes disso eles vêm a mim acordados buscar inspiração”, lembra Madelein. Quem ganhasse a guerra ficaria com os fios de prata de sete bilhões de sonhares terrestres.
Mas o mundo, cada vez mais escuro na orbe terrestre, também no Sonhar tem buscado as sombras. Phobetor lembra a Madelein que os sonhadores por vezes acabam refugiando-se em seu reino para de lá completarem suas realizações. “Tu inspiraste Rowling, e foi nas terras de Morpheus que se moldou Hogwarts. Tu inspiraste Tolkien, e foi nas terras de Phantasos que se anexaram as extensões da Terra Média. Tu inspiraste Lovecraft, e em minhas terras se fixou Miskatonic. Então eu te pergunto com sinceridade, Anjo: até onde vai tua vontade de ser coadjuvante em um mundo de formas e pensamentos?”, pergunta ele. Nesse trecho podemos perceber um recurso com o qual Draccon nos surpreende ao longo do texto, e que contribui para ressaltar a costura que tão bem ele faz entre duas narrativas, que poderiam correr em paralelo, mas estão intimamente ligadas com fios de prata: a citação de artistas reais cujas obras teriam sido desenhadas e elaboradas nos territórios dos sonhos. Essa costura firme é realçada em outros momentos, como quando relaciona eventos passados aqui embaixo a alterações – positivas ou negativas – no Reino do Sonhar. Um exemplo é que, ao mesmo tempo em que Phobetor, o Senhor do Escuro, leva vantagem em sua luta contra Morpheus, em São Paulo uma menina de classe alta planeja o assassinato dos próprios pais, rouba dinheiro do quarto deles e vai a um motel fazer sexo com o namorado, um dos assassinos.
A escrita de Draccon é essencialmente visual. A riqueza de detalhes, a elegância do texto meticulosamente construído e a tessitura perfeita que faz entre o mundo real e o mundo dos sonhos criam imagens difíceis de cair no esquecimento. “Acharás [interessante] mais ainda no dia em que vires sonhadores famosos se deitarem sobre estes álamos e escutarem o sussurro das palavras. A maioria acorda no momento seguinte, correndo a folhas ou a telas em branco. Outros esquecem rápido e demoram a concretizar suas obras. Mas a Arte já está pronta. Basta ter a capacidade de sentar-se em silêncio, escutá-la, e…”, Madelein explica a Allejo como os artistas buscam inspiração em seus domínios para as peças que criarão posteriormente. Se é verdade que o Anjo do Sonho inspirou Shakespeare a escrever Sonhos de uma noite de verão na Primeira Estrada de suas terras e que Morpheus inspirou Gaiman na Nona Estrada, como afirma o livro, isso nos leva a pensar em que estrada daquele reino Phantasos teria inspirado o próprio Draccon a tecer os fios de prata que formaram essa obra.
Para mais informações sobre a obra de Raphael Draccon, visite o site do autor.
Fios de Prata: reconstruindo Sandman
Raphael Draccon
Editora Leya, 2012
352 páginas
Resenha de Huggo Core para o Legado das Palavras.
Link original aqui.
Enjoy.
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Na Estante – Resenha – Fios de Prata Reconstruindo Sandman
Olá leitores do Legado das Palavras. Finalmente conclui a resenha de um dos melhores livros nacionais de 2012, livro esse de um autor que eu, particularmente, considero um dos melhores do gênero fantástico no Brasil, Raphael Draccon, inclusive eu já resenhei o livro Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas, clique e confira. Hoje, entretanto, não falarei sobre a continuação de Dragões de Éter, mas sim, de seu novo livro Fios de Prata – Reconstruindo Sandman, baseado (claramente) no universo criado pelo autor Neil Gaiman em Sandman. O livro é o apogeu da carreira do autor (e espero que ela ainda voe ao infinito e além), publicado pela editora Leya, possuí 352 páginas e simplesmente foi lançado na Bienal do Livro de São Paulo (onde eu garanti o meu exemplar). Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Na trama, é apresentado Mikael Santiago – conhecido como Allejo -, um jogador de futebol brasileiro cujo o passe, aos 22 anos, é o mais valioso da história do esporte. Tamanha é sua habilidade que chega até mesmo ser considerada quase sobrenatural. Allejo realizou o sonhos de milhares de crianças brasileiras e em meio a esse sonho vivido por ele, Mikael enfrenta algo terrível: há dezoito meses seu sono é preenchido por estranhos pesadelos em cenário tenebrosos e sombrios, sonhos tão vívidos e…reais, que penetram além do subconsciente. Allejo nem desconfia do fato de há muitos séculos, Madelein, A Senhora dos Sonhos Despertos, é a senhora de um condado no Sonhar, musa inspiradora de um babilônico número de grandes artistas, e também senhora de um condado do Sonhar, responsável pelo estímulo no sonhos dos mortais. Entretanto, após uma engenhosa trapaça de Morpheus, os milhões de sonhadores terrestres passam a celebrá-lo como o verdadeiro Lorde dos Sonhos. Ato que gera inveja e ressentimento entre muitas entidades; Madelein, por sua vez, enxergar aí uma chance de ascensão, seus atos desencadeiam uma guerra sem precedentes pelo Sonhar, envolvendo os três Deuses Morpheus, Phantasos e Phobetor, além de colocar me risco os fios de prata de mais de sete bilhões de sonhadores terrestres. Paralelo a isso, Allejo tem a alma de sua amada entrelaçada aos planos de Madelein, em meio a sonhos lúcidos e viagens astrais, Mikael parte até os confins do Sonhar para resgatar o espírito da mulher amada, no entanto, sem saber que ele próprio é a peça mais importante em meio a guerra onírica.
Só esta sinopse já é de tirar o fôlego, não? Desde que conheci o trabalho de Draccon tornei-me fã de seus estilo de escrita e também de suas histórias. Acompanhei de perto todo o lançamento e a divulgação deste livro, comprei ele quando fui na Bienal do Livro (como já dito), e comecei a leitura empolgado, a empolgação se tornou voracidade, pois, ao longo das páginas e no decorrer da história, tive a felicidade de te algo que ia além da bela capa, algo envolvente e maravilhoso.
E bem escrito.
Raphael Draccon está em sua melhor forma como escritor, o modo de descrever (objetos ou sentimentos) se engradeceu muito em comparação à trilogia Dragões de Éter, a narrativa é simplesmente (desculpem o trocadilho) fantástica! Os personagens são bem trabalhados e desenvolvidos, o destaque vai para Mikael/Allejo. O personagem usa frequentemente a frase “Por você eu iria até o inferno, Ariana!”, obviamente, seu grande amor; Allejo é drasticamente impelido a fazer essa jura de amor ir além do que meras palavras. Mikael vai do jovem que vivencia um sonho a uma herói implacável em busca de seu amor verdadeiro. Ponto de equilíbrio entre Mikael e seus pesadelos lúcidos, a ginasta Ariana, possuidora de uma personalidade forte, decidida e sempre com palavras de apoio e argumentos críticos quando necessário, agrega grande valor à trama, além de ser o alvo usado para atingir Allejo. Mas não espere um romance forçado e bonito como lido em diversas outras obras, o amor nasce e discorre naturalmente. Mas nem só de protagonistas vivem as histórias; Phobetor; Morpheus; Phantasos; Madelein; são os percursores da guerra seus diálogos, atitudes e descrição não fazem parecer menos.
Draccon oferece suspense, vingança, amor, ódio, ressentimento, lealdade de forma bem equilibrada em todo enredo; além de nos oferecer uma vastidão de referências ligadas a personagens marcantes e adorados por muitos, como por exemplo Allejo (ícone do jogos de videogame da série International Superstar Soccer do Super Nintendo e dos jogos International Superstar Soccer, International Superstar Soccer De Luxe e International Superstar Soccer 64 do Nintendo 64), entre tantos outros usaremos apenas este exemplo afim de evitar spoilers desnecessários.
Enfim, Raphael Draccon mostra porque é um dos nomes mais proeminentes da literatura fantástica nacional, além de se apresentar como um grande escritor cada vez mais, a cada nova obra. Sem dúvidas, Fios de Prata – Reconstruindo Sandman vale cada página lida.
Excelente vídeo-resenha da Isa Vichi para o LidoLendo.
Para acompanhar, só dar play abaixo.
Enjoy.
Enjoy.
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Autor: Raphael Draccon – Editora: Leya – Paginas: 440 – ISBN: 978-85-62936-33-3
(Saraiva, Cultura, Submarino e Skoob)
Nova Ether é um mundo protegido por poderosos avatares em forma de fadas-amazonas. Um dia, porém, cansadas das falhas dos seres racionais, algumas delas se voltam contra as antigas raças. E assim nasce a Era Antiga. Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas. Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia satisfeito, a Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a acontecer… Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com magia negra; dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem passas silvestres e bebem água barrenta como se fosse suco, envolvidos pela magia escura de uma antiga bruxa canibal; o navio do mercenário mais sanguinário do mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna do mar com um obscuro e ainda pior sucessor e duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes mistérios da família real… E mudará o mundo.
Eu sei, é uma sinopse ótima não? Pois se trata do livro a ser resenha hoje: Dragões de Éter – Caçadores de Bruxa. Este é o primeiro livro da série “Dragões de Éter” de Raphael Draccon. O autor também é roteirista e começou a escrever livros de literatura fantástica em 2007. Confesso que fiquei muito surpreso quanto soube que este livro era escrito por um brasileiro, o que me deixou mais árduo a lê-lo, eu não sabia que o Brasil produzia este tipo de literatura e depois deste eu comecei a me aprofundar mais na fantasia brasileira e descobri obras maravilhosas (que em breve também serão resenhadas).
Antes de começar a resenha em si, eu queria dedicá-la a minha amiga Milena, com quem caço fadas nas horas vagas, e que me emprestou este livro impressionante, graças à ela posso resenhá-lo hoje. VALEU MILENA.
O livro é ótimo! Além de contar com uma história deliciosa, Raphael narra de um jeito fantástico onde você se sente bem próximo do autor como se ele estivesse do seu lado a lhe contar as aventuras vividas pelos personagens. Em certos pontos há frases marcantes deixadas por ele que são verdadeiras lições de vida, e as quais estavam marcadas no livro que eu li. Outra característica marcante é a forma como os personagens são apaixonantes! Eu simplesmente me apaixonei pelo Rei Primo Branford, ele é uma pessoa extremamente boa e justiceira. O sentimento que o leitor cria por ele é tão grande, que apesar de ter cometido erros, o rei ainda se mantém como um personagem amado da história.
A construção da história é perfeita e como, na maioria das vezes, os capítulos contam histórias de personagens diferentes, o suspense da trama aumenta e você fica mais curioso para ler! Sem dúvida o Draccon sabe utilizar bem o artifício do gancho.
Durante a leitura eu fui percebendo uma semelhança de alguns rituais de magia com os rituais de verdade que eu vi em um livro sobre o assunto e, por não aguentar a dúvida, fui questionar o autor e ele respondeu que sim: todos foram inspirados em rituais wicca de verdade! Genial esse cara, divando como sempre!
A edição do livro é muito boa, digna das da editora Leya, mas o único problema é a capa! Eu acho que a editora que criou as minhas duas capas preferidas poderia ter feito um trabalho melhor, não é? Mas ainda assim, a capa Leya foi melhor que as anteriores, sem contar que a diagramação foi ótima! Estão de Parabéns!
Contando com uma história deliciosa, personagens apaixonantes, frases marcantes e uma escrita única, Caçadores de bruxa - o livro um da saga Dragões de Éter – é sem dúvida encantador e por isso leva CINCO TRONINHOS! Mal espero ler os outros dois livros da saga e super-recomendo!
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