Draccon no Anno Domini – Casa das Rosas

 

Mais uma vez em São Paulo, dessa vez sem tanto frio, para um interessantíssimo evento: o lançamento da antologia de contos medievais e fantásticos “Anno Domini”.

Para aqueles que não leram nada sobre isso até agora, trata-se de uma antologia da Andross Editora, em que recebi o convite para ser “convidado de honra” através da simpática escritora e organizadora Helena Gomes.


(Helena Gomes)

O evento ocorreu na Casa das Rosas, na Avenida Paulista, e contou com a presença de 36 dos 50 autores do livro. Local espetacular; miolo e capa bem-feitos; coquetel competente (acho; a noite foi tão agitada que quando lembrei de “procurar” por uma taça de… ãhnn… guaraná, o coquetel já tinha encerrado).

Anno Domini foi tudo o que a expectativa prometeu (bom, sempre há a chance de eu estar errado. Talvez ele tenha sido um pouco mais…).

De longe, o mais interessante foi ver as estrelas da festa em ação: observar os autores de Anno Domini exibindo crachás no peito como uma merecida medalha de um soldado que sobrevive à guerra.

Sabem, eu sei que eu e Cláudio Villa éramos os “convidados de honra” ali do projeto, convite feito por já estarmos publicados cada um à sua maneira no mercado editorial, mas, sinceramente, para mim cada um daqueles autores eram estrelas que brilhavam demais.

Alguns talvez por luz própria, alguns talvez pelo conjunto que o momento representava; mas ali, naquela Casa das Rosas, todos brilhavam e vibravam na mesma sintonia devido à egrégora que forma o sentimento que habita o coração de um escritor.

Porque todo ser humano que segura nas mãos um sonho, não o deixa escorrer como grãos de areia. [não mesmo?]. Não, não deixa não. [e por que não?].

Porque se cada grão de areia possui realmente tudo o que pulsa no universo dentro dele, então o que pulsará no coração de quem dá vida a universos que brilham além do que a razão pode explicar?

Eu respondo: éter.

O que eu via naquela Casa eram corações nascidos na poesia do ser humano ordinário que não desiste, e sonha com a realização de feitos extraordinários.

Aqueles eram escritores que tinham em mãos a primeira publicação, mas era muito mais do que isso. Aquele era o momento em que o mundo (ou uma parte do mundo) parava de girar, para não apenas notar suas existências, como fazê-los sentir um pouco o gosto do sucesso do escritor que não desiste.

Não faço idéia de quantos livros assinei nesse sábado, dia 19. Nem de quantas pessoas conversei rapidamente (infelizmente, pelo tempo havia de ser sempre mais rapidamente do que a vontade gostaria), nem para quantas fotos fiz poses (e, provavelmente, saí de olhos fechados! Tenho problemas com máquinas que disparam dois flashes antes do registro na memória digital).

Mas me lembro sim de uma coisa. E me lembro bem.

Me lembro de cada autor que chegava até mim e me pedia um autógrafo, e do olhar que transcendia a compostura, quando eu lhes entregava meu próprio exemplar, e dizia:

“É claro. Mas é assim que você agradece…”.

         

Alguns poucos; muitos poucos daqueles chegarão até o fim da estrada solo completa (todos têm talento; mas a estrada, infelizmente, exige algo além do escritor sobrevivente), mas isso não tem importância, pois o mundo parou e se tornou mais puro por um momento.

Pois todo universo, real ou fictício, se emociona diante de homens que realizam sonhos, ou se inspiram nesse sonhar.

E todos eles irão sempre se lembrar, seja na carreira de escritor seja na de ser humano, do dia em que o mundo parou por eles. E para eles.

Naquele sábado, eu fui um mero convidado de honra.

Mas cada um daqueles outros 34 autores foram mais, foram muito mais do que isso. Eles foram estrelas. Eles foram dragões.

Dragões divinos. Dragões fantásticos.

Dragões de éter.

Comentários

2 respostas to “Draccon no Anno Domini – Casa das Rosas”

  1. ClaudioBrites on julho 25th, 2008 2:37 pm

    Pô. Fiquei fora dessa foto linda. ;(
    Foi um prazer ter você no projeto Mestre Raphael.
    E vamos nos encontrando.
    meu canto é o hipocentro.blogspot.com
    abraços

  2. Helena Gomes on julho 28th, 2008 4:47 pm

    Rapha poético mesmo…
    Foi muito bom contar com vc neste livro. Sou fã de Reversos (meu preferido!), da bruxa Nazareth e de todo o mundo de Éter. Super obrigada!
    Grande beijo

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