Encontro Prática de Escrita – Unicsul 2008
No dia 04 desse mês (é, tópico atrasado…), ocorreu o Encontro Prática de Escrita, na Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, que inicia uma parceria da universidade com o grupo Labmind.
A ida já me foi uma surpresa, pois junto comigo na viagem conheci o ator Tonico Pereira, o eterno chefe do Lineu no A Grande Família (”Ô Lineuzinho…”), que estava indo a SP para interpretar o vilão na peça teatral “Hamlet”, com Wagner Moura.
Já deveria ter conhecido Tonico faz tempo; bacana poder virar para ele e dizer:
- Tonico, você conhece o Cosme dos Santos (nosso clássico: “óticas do povo, morô?), não?
- Sim, sim.
- Pois é. Você ia fazer o meu filme…
- É???
Um barato. Histórias passadas sobre um curta-metragem em que o papel de Tonico acabou com o impagável Nélson Feitas, o eterno corno Leozinho, do “Zorra Total”.
Mas sobre o evento:
Pessoas agradáveis; candidatos a escritores profissionais interessados e convidados espetaculares. Muitos nomes do mercado editorial fantástico já me eram figuras conhecidas, como as damas do fantástico nacional Rosana Rios e Helena Gomes, a agente literária Alessandra Pires, o organizador Cláudio Brites e o sempre simpático Sílvio Alexandre.
A surpresa para mim no evento foi conhecer duas figuras muito; mas muito singulares: Kizzy Ysatis, escritor de romances vampirescos únicos, e meu colega de mesa, o escritor Luís Eduardo Matta.
Kizzy é um cara único. Ele é tipo de sujeito que você ri só de lembrar, não porque ele faça esforço para ser uma pessoa engraçada, mas porque, querendo ou não, simplesmente é uma pessoa muito divertida. Nota-se em pouco tempo de conversa que é um sujeito que jamais poderia ter se tornado advogado na vida; a impressão que se tem é que ele nunca seria capaz de contar uma única mentira, tamanha a sinceridade que expressa e se expressa em tudo.
Não à toa o sucesso de público e crítica que seu trabalho tem conseguido. Sua obra tem muito da pureza e sinceridade dele. É o tipo de escritor que merece os melhores ventos.
Já Matta trata-se de um estilo completamente diferente. Inteligente, sarcástico, com um humor que às vezes chega a ser ácido (no melhor sentido), é o tipo de cara que vale a pena dividir uma mesa de literatura por simplesmente ser uma extrema diversão.
Ao comando da mediadora Helena Gomes, trocamos sobre o mercado editorial de hoje envolvido com outras mídas, a relação do escritor com a crítica profissional e amadora, como se define o valor de um livro, sobre adaptações de livros para cinema e a relação do autor amador e profissional com a internet, demos conselhos a esmos para escritores iniciantes, e respondemos às perguntas do pessoal presente.
Mas a melhor parte foi sem dúvida a questão levantada envolvendo os roteiros dos seriados de hoje. Acompanhem abaixo.
E sonhem conosco.
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DRACCON: “Lost”é muito melhor do que “Heroes” porque seus personagens alcançam a profundidade de literatura. Não é à toa que a série faz referência à literatura diversas e diversas vezes…
HELENA: Ah, mas eu gosto de Heroes!
DRACCON: Não, os personagens de Heroes são fraquinhos! Tirando a líder de torcida e o japonês, nenhum deles tem carisma!
HELENA: Não, pô! Ah… eu gosto…
DRACCON: (rindo) Ah, mas você não entende disso! Por isso que você tem essas idéias! [platéia já aos risos]. Helena, o criador do seriado pediu desculpas aos fãs pela segunda temporada do programa…
HELENA: Não, ele pediu desculpas pelo atraso!
DRACCON: Claro que não! Atrasou por causa da greve dos roteiristas! Ele pediu desculpas por causa da qualidade! [platéia continua rindo].
MATTA [roubando o microfone e botando ordem]: Olha aqui, bom na verdade não é nem Lost nem Heroes! É House!
[a platéia vem abaixo, gargalha e aplaude com vigor].
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Ai, ai… por isso é bom ser escritor. Ganha-se pouco, é verdade.
Mas a gente se diverte.
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