Bolt
Bolt acabou sendo o primeiro filme que assisti no cinema em 2009, da lista de filmes que têm de ser vistos nessa temporada “fim de ano-início de verão”.
Existem duas coisas que se vêem logo de cara, sem que precisem estar escritas nos créditos da animação. A primeira é que é um filme da Pixar. A segunda que é um filme de John Lasseter.
Existem duas forças que revolucionaram a animação monopolizada pelo 2D da Era Disney: a Pixar com Toy Story, e a Dreamswork com Shrek.
A Pixar revolucionou pelo 3D, e pela estrutura de roteiro.
Já Shrek revolucionou pela computação gráfica, e… bom, pela estrutura de roteiro.
Funciona assim: a Pixar relê em seus filmes “A Jornada do Herói” de uma forma carismática com um texto jovem e subtexto adulto; a Dreamswork debocha e esculacha por completo essa jornada (embora a siga com texto jovem e subtexto adulto).
Na Pixar, os personagens caminham pela jornada clássica de maneira criativa; na Dreamswork, eles caminham de maneira inversa.
Ambas chegam ao mesmo lugar: lideram bilheterias.
E, falando especificamente da Pixar já que Bolt é o tema, não há como desassociar essa revolução com o nome John Lasseter.
Foi ele o sujeito que dirigiu Toy Story 1 e 2, Vida de Inseto, e Carros. É dele o toque de midas como produtor em todos os grandes sucessos da Pixar, desde “Procurando Nemo” a “Monstros” ou “Os Incríveis”. E é ele hoje a mente criativa que mantém a Pixar na elite, e salvou a Disney da falência.
E o mais curioso é que Lasseter é um sujeito tão visionário, que foi demitido da Disney em 1983, exatamente por querer filmes feitos com computação gráfica.
Hoje ele é o chefe criativo tanto da Pixar, quanto da própria Disney.
E vê-se que Bolt tem todo o dedo dele, embora não seja dele a direção (aliás, o nome nos créditos “Renato dos Anjos” é realmente de mais um animador brasileiro arrebentando por lá; um dos responsáveis pelas movimentações do cachorro).
A estrutura segue a mesma de Carros, com um herói contaminado pela fama (em Carros era um deslumbre; aqui é inconsciente, apenas o único mundo que o personagem conhece), que precisa fazer uma viagem de autoconhecimento para descobrir quem realmente é (ou o que realmente é).
Na “Jornada do Herói”, um ponto freqüente é a negação inicial que o herói sempre tem frente a missão. Em Bolt essa linha é interessante; ninguém tem de convencer o cachorro que acredita ter superpoderes (porque o criaram em um mundo de televisão falso) de que ele é um herói, como seria o mais comum.
Os outros têm de tentar convencê-lo de que ele não é!
Há referências pops a torto e a direito, e um certo sarcasmo que lembra a estrutura da Dreamswork, em relação a cenas típicas de filme de ação, como ângulos e câmeras lentas. O interessante dos roteiros que Lasseter põe a mão é a preocupação em trazer o público adulto (que leva o filho – e a namorada – ao cinema) para a história, de uma forma que a criança entenda o texto, mas o adulto entenda o subtexto.
Existe uma discussão entre o diretor do programa do Bolt e a produtora de tv que revela bem isso. Ela quer que Bolt tenha menos cenas óbvias para atrair a audiência mais velha, ou eles demitem a equipe toda. De uma construção em forma cômica, Lasseter só está revelando uma verdade dos estúdios de hoje, e uma de suas preocupações mais obssessivas.
Na verdade, funciona assim na teoria: crianças se preocupam com cores em movimento e com uma coisa de cada vez. Algo como: “puxa, olha o gatinho! Ih, olha o passarinho! Nossa, que bonito o castelo!”. As meninas costumam se interessar mais pela parte romântica e emocional dos personagens; e os meninos… bom, da parte de ação e porrada mesmo.
Logo, quando um produtor quer fazer algo pensando em público específico, ele pensa nisso. Quando quer para todas as idades, ele junta os três.
E em Bolt, eles conseguem o feito?
Bom, é um filme de John Lasseter.
Ele sempre consegue.
Comentários
uma resposta to “Bolt”
Escreva uma resposta
bolt sou sua 1fam eu tenho o seu filme te amo muinto quero que vc fasa o bolt 2 3 e 4