Sabbats em Nova Ether

Acabei de começar a ler o primeiro volume da série e já me decepcionei.
Sua intenção é deturpar a religião da Deusa ou é só minha impressão?
Primeiro chama as praticantes de magia negra de “bruxas” o que é uma denominação para qualquer praticante de magia, tanto negra quanto branca, e é utilizada pelos wiccans para se auto denominarem.
Mas até aí, tudo bem…
Mas chamar as escolas de magia negra de “sabbats”?
Desculpa, mas aí vc forçou.
Você ao menos sabe o que é um sabbat?
Tente pesquisar as coisas antes de escrever assim… Faz bem saber antes de escrever.
Decepcionante…

Cindy Camargo

De fato foi só sua impressão. Vamos lá:

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1) No planeta Terra os Sabbats são cerimônias religiosas que celebravam originalmente as mudanças das estações do ano. Celebradas por covens de bruxas ou bruxos solitários, possuem formas diferentes, embora paralelos em quase todas as culturas.

Oito são celebrados a cada ano e podem ser conhecidos também por vários nomes, que variam desde “A Mandala da Natureza” até “A Grande Roda Solar do Ano”.

Os quatro Sabbats principais correspondem ao antigo ano gaélico e são chamados de Candlemas (Imbolc), Beltane, Lammas (Lughnassad) e Samhain.

Os quatro menores são Equinócio de Primavera (Ostara), Solstício de Verão (Litha), Equinócio do Outono (Mabon) e Solstício de Inverno (Yule).

wicca

(Sabbat Wicca)

O Samhain (”sou-en”), aliás, é muito mais conhecido por outro nome muito mais popular: Halloween.

Tais cerimônias deram origem a vários mitos ao longo da História, principalmente com o intuito proposital de denegrir a imagem dos covens, envolvendo orgias, sacrifícios de virgens e de animais e coisas do tipo.

Os contos de fada contribuiram de certa forma com essa visão antiga da bruxaria.

Na realidade, porém, tratam-se de belas cerimônias com o intuito de aproximar os iniciados das deidades da Religião Antiga.

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2) No cenário do jogo de RPG Vampire: The Masquerade, o Sabbat é uma seita de vampiros selvagens, inimiga da Camarilla. Simboliza-se com um Ankh.

Não satisfeitos com a ideia de se ocultar em meio à sociedade humana, os membros da seita não se importam de revelar sua natureza e se alimentar sem medo, pregando um ideal superior de liberdade suprema da raça vampírica.

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(O Sabbat do universo de Vampiro: A Máscara)

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3) Em Nova Ether, o Sabbat é a denominação dada às escolas secretas de bruxaria.

Em “Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas”, inclusive, esse termo só aparece uma vez em todo  o livro na frase:

Essas escolas ocultas de bruxaria que foram caçadas receberam nos registros de Nova Ether o nome de sabbat.

Posto isso, a reação citada na mensagem não toma sentido por ignorar exatamente um trecho considerável da frase, que por si só já diz tudo: receberam nos registros de Nova Ether.

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(O Sabbat do universo de Nova Ether)

Em Nova Ether, o Sabbat de lá é uma junção dos dois conceitos anteriores por não se tratar de uma cerimônia, mas um nome próprio de seitas de bruxas em vez de vampiros.

E ainda que fosse uma cerimônia, ele nem mesmo poderia ser mesmo igual ao daqui já que os calendários são completamente diferentes (lá são cinco os dias da semana). Logo, se os Sabbats de lá fossem iguais aos daqui, baseados em conceitos como anos gaélicos ou Haloween, então não seria nada esquisito se nossos covens de bruxas baseassem seus conceitos de acordo com o ano marciano ou as estações de Mordor.

E mesmo se fossem sete seus dias; a conclusão ainda é: Dragões de Éter é uma obra de ficção e um universo com seus próprios conceitos.

A precisão histórica obrigatória com a de outro mundo na relação citada daria margem para um nova-etheriano questionar a forma como nós descrevemos um dragão, nos acusando de estar denegrindo “a realidade” desses seres mitológicos.

Ainda assim, muitos das nossas referências tomam forma lá, mas nada é regra. Não se pode cobrar que os nova-etherianos utilizem “eletricidade” em vez de “etherpunk”. O interessante da coisa é exatamente abrir a mente e compreender essas diferenças.

Quanto a intenção questionada, de fato é uma impressão.

Existe um ritual de iniciação que ocorre em “Caçadores de Bruxas” sob uma ótica adolescente e que foi elogiado por todas as leitoras de Wicca que já nos escreveram. Soube inclusive em Porto Alegre que uma mestra Wicca do Rio de Janeiro é leitora de Dragões de Éter. E todas elas me perguntam se sou praticante, satisfeitas.

Por último, a critica citada na primeira parte por si só demonstra que o livro não foi lido, já que está exatamente em aprender a diferença entre as bruxas toda estrutura da trama do Livro 1. É possível se dizer, inclusive, que a cena em que essa diferença é enfim compreendida provavelmente seja a de carga dramática mais forte de “Caçadores de Bruxas”.

Uma forma da história cumprir sua proposta de desconstruir os próprios contos de fadas; do imaginário à nova leitura.

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Todos os conceitos estão lá, não importa a forma. A questão é apenas que a toda pesquisa deve servir para complementar a criatividade, não aprisioná-la.

No final das contas, é como o guerreiro Ruggiero cita em “Corações de Neve”:

– Não importar nome. Se eu disser a você que aquela rosa se chama “formiga”, ela não deixará de ser flor. E ser bela. Logo, a importância está em que olhe para ela e não pense nela como “rosa”. Mas pense nela como flor. E como bela.

– Não colocar nela um rótulo…

– Eu não entender essa palavra. Mas acho que você entender a mim. Se você pensar em uma flor como flor, todas as flores serão flores. E você as respeitará da mesma forma, não importar qual seja o nome, ou qual seja a cor que elas tenham. Compreender?

Como sempre, quaisquer dúvidas, críticas ou sugestões, só nos escreverem. Esse espaço é nosso.

Sonhem conosco.

Comentários

14 respostas to “Sabbats em Nova Ether”

  1. Cindy Camargo on dezembro 10th, 2010 6:10 am

    Olá.
    Bem, como eu disse na mensagem, ainda estou começando o primeiro livro, do qual li apenas uns 20%.
    Fico satisfeita pela resposta dada, e peço-lhe que me perdoe pela má impressão que passei em meu comentário.
    Depois daquela parte que li, continuei a leitura, e confesso-lhe que estou adorando o livro.
    Parabéns pelo sucesso, merecido pelo seu talento constatado na leitura de seus livros, e parabéns pela simpatia, que constatei no e-mail que me enviou.
    Grata pela atenção.

  2. Pri Viotto on dezembro 10th, 2010 1:06 pm

    Ainda bem que se retratou minha querida Cindy.

    “Faz bem saber antes de escrever.”

    Conhecimento nunca é demais, sábias suas palavras.
    Me divertiu, ri muito com você agora.

    “Faz bem saber antes de escrever.” ahahahahah

  3. Ricardo Stone on dezembro 17th, 2010 6:43 pm

    FATALLITY
    RAPHAEL DRACCON WINS

  4. Luri on dezembro 22nd, 2010 11:07 am

    É,eu por essa parte ontem e…Pera…O livro fica ainda melhor? *-*

  5. Leonardo on dezembro 25th, 2010 9:20 pm

    é… Fatallity Raphael wins, bom comentar sobre um livro que vc leu apenas o prologo fica meio difícil, agora criticar um livro que vc só leu o prólogo é praticamente impossivel, estou atualmente terminando o 3º livro, e indico para qualquer pessoa, é um livro que toca seu âmago, te faz pensar se a vida é apenas o que vc vê, te ensina a ver os 2 lados da vida, te ensina a ver o bem e o mal de formas diferentes, Dragões de Éter te ensina a viver, sim, a viver, não hesito em dizer isso, não hesito de modo algum, pois com Dragões de Éter eu realmente aprendi a viver, eu percebi que a alegria esa em qualquer lugar que existe, qualquer lugar que vc possa existir, pra ser feliz vc precisa apenas existir, aprendi também que leitores brasileiros também são fodas.

    Acabei de começar a ler o primeiro volume… Cindy, só aconselho a terminar de ler para depois postar um comentario em partes ofenssivo como esse.

  6. francisco lima on dezembro 29th, 2010 11:41 am

    Bem, no começo nao gostei muito do livro, mais aos poucos fui entendo o sentido da historia e gostei muito, e um tipo de leitura diferente da que estamos acostumados, que seguem uma linha sem muitas variações ou mudanças na trama. Quanto o comentario da Cindy Gomes achei errado, para mim o escritor nao tem que se prender a realaidade na hora de escrever ele pode dar nomes e funções de acordo com a historia a ser criada, nas historias de fantasia o que menos interresa e o que acontece no mundo real.

  7. Luiza on janeiro 2nd, 2011 11:11 pm

    Tudo bem que ela se retratou, mas sinceramente… Reclamar do livro antes de ter chegado no primeiro terço dele não dá, né!
    Ainda não li, mas acho que esse mês rola. Daí quanto terminar tudo aí sim eu reclamo ou elogio!

  8. Marcela on janeiro 2nd, 2011 11:51 pm

    Errar é humano, galera. Ela se retratou, agora é bola pra frente.
    Parabéns pelo sucesso, Raphael. Muito bom da sua parte em não ignorar a queixa e se dispor a explicar o equivoco.

  9. Iaina Estrela on janeiro 3rd, 2011 2:19 pm

    =]Adorei a aula e os esclarecimentos…mas temos que entender que com é um livro de fantasia várias coisas são modificadas e tomam outro significado em pró do enredo; pena quem leva ao pé da letra e toma como ofensa ou verdade uma história fantástica.

  10. Danielle Fagundes on janeiro 3rd, 2011 3:35 pm

    Acho que ela errou sim, mas no afinal ela soube o que fez de errado e se retratou. O fato não é ‘gostar ou não’ e sim falar de algo que não sabe,algo que, como a própira Cindy disse: é errado. Mas ela já obteve sua resposta e está agora trabalhando para criar uma opinião sobre o livro. Então, boa leitura para ela.
    Raphael Draccon é um ótimo autor, e seus livros me impressionam pela clareza e por conceitos que passam. E agora percebemos seu interesse e seu compromisso para com o público. Parabéns!

  11. Cacá-chan on janeiro 3rd, 2011 6:53 pm

    Parabéns a Raphael Draccon pela atenção dada aos fãs e as críticas, são poucos os autores que responderiam ao comentário como você fez! Merece muito o sucesso que tem tido! Tanto pela qualidade dos livros (e fique claro, ainda estou na metade do segundo e a história já me cativou muito!!!) como pela pessoa que tem demonstrado ser para com os seus fãs!
    E congratulo também a Cindy por expressar sua opinião e depois admitir o sua precipitação!!!

  12. Luiz on novembro 10th, 2012 2:56 pm

    Depois de ler a trilogia fronteiras do universo eu fiquei uma semana sem ler nada por que sabia que dificilmente encontraria alguma coisa no mesmo nivel ou pelomenos proximo, sem perceber que Dragões de Éter é um livro nacional eu peguei para ler, e foi uma surpresa encontrar uma historia tão boa quanto a escrita por Philip Pulman e ainda ser nacional.

  13. Danilson Lee Vasconcelos on novembro 1st, 2013 1:31 am

    Uma das maiores virtudes que podemos ter é a de observar, ver, analisar, constatar e só então expor suas idéias e opiniões. Mas uma outra virtude é reconhecer seus erros, é ser humilde. Por isso os dois estão de parabéns. Críticas…explicação…humildade.

  14. Kalil Peixoto on novembro 1st, 2013 2:09 am

    Kkkkkk..

    Como alguém quer julgar algo a partir do prólogo, e pior, de forma tão ignorante, para depois se retratar como se simplesmente houvesse dito algo bobo. Minha cara Cindy, o que vocë fez, foi de uma imaturidade tão grande, que esperamos que nunca mais haja assim.

    Resumindo: “Faz bem saber antes de escrever.”

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