Matéria sobre Stephen King para o Saraiva Conteúdo
Matéria de André Bernardo sobre o mestre do horror Stephen King para o Saraiva Conteúdo, com participação minha, de André Vianco e Eduardo Spohr.
Link original aqui.
Enjoy.
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Mestre moderno do terror, Stephen King influencia nova geração de escritores brasileiros
Stephen King já estava desistindo da ideia de ganhar a vida como escritor quando sua mulher, Tabitha, decidiu resgatar, da lata do lixo, os originais de Carrie, A Estranha. Ela gostou tanto da história da adolescente que usou seus poderes paranormais para se vingar daqueles que a hostilizavam no colégio que encorajou o marido a seguir em frente. E ele seguiu. Hoje, aos 63 anos, Stephen Edwin King é o escritor de literatura de terror mais vendido de todos os tempos. Desde que Carrie chegou às livrarias, em abril de 1974, King já lançou quase 70 livros, entre contos, romances e ensaios. O mais recente deles, Ao Cair da Noite, uma coletânea de 13 contos de terror, acaba de ser lançado no Brasil.
Por aqui, King é cultuado por uma legião de admiradores famosos, como os também escritores André Vianco, Eduardo Spohr e Raphael Draccon. Spohr, por exemplo, admite a influência de King em sua obra. “Um bom livro é feito de forma e conteúdo. Você pode até ter uma boa história em mãos, mas, se não souber como contá-la, não vai seduzir o leitor. O King sabe conciliar as duas coisas como ninguém”, elogia Spohr.
Dos livros para as telas
Autor de A Batalha do Apocalipse, Eduardo Spohr tinha 8 anos quando assistiu, pela primeira vez, a um filme baseado na obra de King. Impressionado com a adaptação do cineasta Stanley Kubrick para O Iluminado, que conta a história do zelador de um hotel mal-assombrado nas montanhas do Colorado que enlouquece e tenta matar a família, Spohr resolveu comprar o livro que deu origem ao filme. Dali por diante, não parou mais. “Quando começo a ler um livro do Stephen King, não tenho a menor pressa em terminá-lo. A riqueza de detalhes chega a impressionar. Ele sabe como transpor o leitor para dentro da narrativa”, analisa Spohr, que elege O Cemitério e A Zona Morta, dois de seus romances favoritos do mestre do terror.
A exemplo de Carrie, A Estranha e O Iluminado, muitos dos romances de Stephen King já ganharam as telas de cinema. Alguns, como Louca Obsessão, de Rob Reiner, e À Espera de Um Milagre, de Frank Darabont, fizeram jus aos originais. Outros, como Christine – O Carro Assassino, de John Carpenter, e Chamas da Vingança, de Mark Lester, deixaram a desejar. Até hoje, Raphael Draccon não se esquece daquele que considera o mais aterrorizante de todos os filmes já baseados na obra de King: It – Uma Obra-prima do Medo, de Tommy Lee Wallace. “Para ter uma ideia, no livro Espíritos de Gelo, a minha dedicatória foi: ‘Para Stephen King e o palhaço Pennywise, por ensinarem a uma criança o que é o terror’. Precisa dizer mais?”, indaga o autor de Dragões de Éter.
Leitores famosos
Raphael Draccon é o primeiro a reconhecer que a construção da narrativa de Caçadores de Bruxa, o primeiro volume da série Dragões de Éter, é bastante inspirada na obra de King. “Nos livros dele, passamos a conviver com os personagens de uma determinada cidadezinha como se morássemos ali. Conhecemos seus costumes, sua rotina, seus problemas. Então, de repente, algo fora do normal acontece e gera um efeito dominó na coisa toda”, teoriza. Curiosamente, o primeiro livro de Stephen King que Draccon leu foi Os Olhos do Dragão, que classifica como “um conto de fadas adulto”. Desde então, resolveu ler a obra completa do autor, na ordem em que foram escritos. “É fácil se deixar conduzir por ele porque Stephen King faz o sobrenatural se tornar natural”, afirma.
Desde que lançou Carrie, Stephen King já escreveu cerca de 70 livros, entre romances e contos
Para Stephen King, tudo é pretexto para provocar medo no leitor. Tudo. Desde seres sobrenaturais, como zumbis, vampiros e lobisomens, até objetos inusitados, como automóveis, máquinas de lavar e cortadores de grama. Da nova geração de escritores brasileiros, nenhum outro parece ter se inspirado tanto em Stephen King quanto o paulista André Vianco. Autor de 12 livros, como Os Sete, O Senhor da Chuva e Bento, Vianco já pode ser considerado o mais bem-sucedido escritor brasileiro de terror. “A maior influência que King gerou na minha obra foi explorar o local onde eu vivo e transformar a minha cidade e cidades ao redor dela em cenários para as minhas criações, por mais malucas que elas possam ser”, observa o autor, nascido em São Paulo e criado em Osasco.
Vianco conheceu King através do conto Rita Hayworth e A Redenção de Shawshank, que integra a coletânea Quatro Estações e que, no cinema, ganhou o nome de Um Sonho de Liberdade pelas mãos do diretor Frank Darabont, o mesmo de À Espera de Um Milagre e O Nevoeiro. “É daquelas histórias magnéticas”, resume. Mas o livro favorito de Vianco é A Dança da Morte, que retrata a humanidade à beira do extermínio por causa de uma epidemia de gripe. “É um livro que vai apresentando aos poucos os muitos pontos de vista de uma mesma história”, descreve o autor, admitindo que utilizou esse recurso em alguns de seus livros, como Bento e Os Sete. “A Dança da Morte traz agonia e diversão na medida certa”, enaltece. Palavra de quem entende do assunto.
Dez curiosidades sobre Stephen King
2. Se não fosse escritor de livros de terror, King provavelmente seria cantor ou guitarrista de rock. AC/DC, Ramones e Metallica, aliás, estão entre as suas bandas favoritas. Ele chegou a tocar guitarra num grupo, The Rock Bottom Remainders.
4. Nos anos 70, King tornou-se dependente químico. Em seu livro de memórias, On Writing, o escritor confessa que só tomou coragem de se internar em um centro de reabilitação quando sua mulher, Tabitha, ameaçou separar-se dele.
6. Antes de ganhar a vida como escritor, King lecionou inglês na Hampden Academy de 1971 a 1973. Para pagar as contas do mês, trabalhou, também, como frentista em um posto de gasolina e em uma lavanderia industrial.
8. Todos os dias, King acorda às sete da manhã para escrever, no mínimo, seis páginas por dia. Metódico, gosta de trabalhar todos os dias do ano. Só abre exceção no dia do seu aniversário (21 de setembro), no dia da independência americana (4 de julho) e na véspera do Natal.
10. Ao longo da carreira, escreveu alguns livros sob o pseudônimo de Richard Bachman. Na ocasião, o “Daily News” publicou uma matéria, revelando a verdadeira identidade do autor. Bem-humorado, King admitiu que seu alter-ego morreu de “câncer de pseudônimo”.
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