Retalhos, de Craig Thompson
Eu li “Retalhos”.
Nossa, que obra de arte.
Para quem não sabe, “Retalhos” (”Blanket”) é uma das graphic novels mais premiadas do mundo (venceu apenas três ou quatro Harvey, dois Eisner, dois Ignatz, um prêmio da Associação Francesa de Críticos e Jornalistas de Quadrinhos e sabe-se lá mais o que…), e o tipo de obra que merece ganhar até os prêmios que ainda serão criados para uma obra-prima como esta.
Não à toa, foi listada pela Times como uma das dez melhores graphic novels de todos os tempos.
A história é autobiográfica, e conta a infância do próprio desenhista Craig Thompson, e como o crescimento em uma família religiosamente fanática marcou seu amadurecimento juvenil.
É um romance de amadurecimento; uma espécie de “Eduardo & Mônica” real, e narrado com momentos de genialidade através das sombras e idéias que o autor vai utilizando para expressar os pensamentos e sentimentos dele próprio em relação à vida que vai aprendendo a entender.
É o tipo de material que devia ser usado por professores em salas de aula para formar leitores. O tipo de história que deveria ser discutida com turmas de adolescentes, pois fala de sentimentos que todos nós temos e descobrimos dentro de nós ao longo de nosso crescimento pessoal.
Ler essa graphic novel é um tipo de experiência que fica na alma; a narrativa é tão sincera que chega a doer dentro da gente. Ela aperta o coração, e, assim como um bom filme fica na memória após o sair da sala, essa história fica na nossa mente mesmo após o fechar do livro.
E interessante o termo que acabei de utilizar: “livro”.
O fato é que “Retalhos” é uma das grandes graphic novels que lideram a idéia de que quadrinhos podem se igualar à literatura. Pegando carona nesse conceito, a Companhia das Letras não o lançou no formato clássico; mas sim no tamanho e formato de um livro que poderia estar assinado por qualquer grande romancista.
Acho interessante discussões desse tipo; Neil Gaiman enfureceu meio mundo literário ao ganhar o World Fantasy Award, um prêmio literário, de história curta com a adaptação de “Sonhos de Uma Noite de Verão” em “Sandman”. O furor foi tanto que proibiram para sempre uma HQ de ganhar um prêmio daquele tipo de novo.
Entretanto, ele lavou a alma da outra metade desse mesmo mundo.
(Neil Gaiman ganhando o Hugo…)
Porque fato é que quadrinhos – mesmo as graphic novels – não são literatura. Do contrário, roteiros de games terão de começar a concorrer ao Oscar; o filme “Matrix” será considerado uma variação de um anime cyberpunk em live-action, e por aí vai. O que acontece nessa arte, como em todas as outras, é que há flertes.
Mas igualá-lo naquele momento à literatura foi uma forma de separar o “gibi” (que tem todo um contexto e teor tipicamente mais de juvenil a infantil) do “romance gráfico” (que tem toda uma linguagem mais adulta, e um texto de maduro a poético).
“Sandman” e “Retalhos” flertam o tempo inteiro com a literatura, mas flertam também com a música; a pintura; a poesia; o cinema.
A graphic novel mais celebrada de todos os tempos, “Watchmen”, faz coisas em sua narrativa que só poderiam ser feitas naquele meio de arte; tanto que o filme, por mais esforço e paixão que um diretor jovem como Zack Snyder tenha dedicado, não chega aos pés da obra original.
Porque “Watchmen” nasceu para ser uma graphic novel, não um filme.
“Retalhos” também seria um filme de mediano para chato. Mas a história como uma narrativa em quadros é uma experiência inesquecível.
Ok, então se cinema é cinema; literatura é literatura; música é música; pintura é pintura… então quadrinhos são o quê?
Fácil: quadrinhos são quadrinhos. Ponto. E com sentido, linguagem e significado como arte próprios.
E se você ainda não consegue compreender o quanto ele se iguala em poder como arte a qualquer outra, bom, você tem uma grande chance.
Leia “Retalhos”.
Depois, a gente volta a conversar.
Comentários
17 respostas to “Retalhos, de Craig Thompson”
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Fala Draccon!
Aqui é o Isaac, lá do Território, tudo certo?
Bom, vim aqui dizer coincidentemente também acabei de ler “Retalhos”.
Realmente é algo fascinante, uma daquelas coisas que te mostram realidade, sem dogmas, a vida como ela é! Apesar de gostarmos do “fantastico” as vezes é bom voltar a realidade não é?
Enfim, uma obra de arte da vida!
Abraços!
Ual! bom ainda nao li Retalhos, mas garanto que irei ler! eu li o Sandman e fiquei realmente Apaixonada pelo Neil!
É com certeza uma obra mesmo! Eu lembro quando fui na livraria e comprei…Inicialmente comprei pelo traço do autor.
Acabei de ler hoje,o final me comoveu,ele ensina a superar quem está passando por esse tipo de paixão
Esse livro é muito bom mesmo.!
“Porque “Watchmen” nasceu para ser uma graphic novel, não um filme.
“Retalhos” também seria um filme de mediano para chato. Mas a história como uma narrativa em quadros é uma experiência inesquecível.”
É isso mesmo, alguns quadrinhos devem ficar no seu próprio gênero expressivo. Também acho que ‘Maus’ e ‘Umbigo sem fundo’ seriam uma porcaria se virassem filmes.
Gostei bastante de Retalhos, é de apertar o coração por tanta realidade e sutileza gráfica. E, também não pude evitar de escrever uma resenhar também
http://resenharexperientia.wordpress.com/2011/12/24/retalhos-historia-em-quadrinhos-autobiografica-de-craig-thompson/
Abç
gente eu ja li esse livro ele concertesa e o melhor livro que eu ja li
já li retalhos e concerteza amei é um livro espetacular muito bom.
esse livro é ótimo e recomendo
é um ótimo livro, amei ler ele, eu recomendo a vocês (:
Cara é muito bom msm eu acabei de ler “retalhos” e é uma maravilha
otimo kem nao leu leia muito bom lance a continuaçao ai gemte urru kkkkkkkkkkkkkkkkk
amei o livro ele é muito bonito eu adorei ele tem tudo que um livro q eu goto de ler tem ameeeeeiiiiiiii
essa foi de longe a melhor e mais completa obra literária que já li no ultimo anos, sem dizer na itemização dos detalhes a preocupação do autor em descrever tudo em detalhes não tanto formais isso com o intuito de deixar a obra bem mais prazerosa e confortante, sem deixar de sitar os desenho apresentados na obra, onde os mesmos nos transmite para dentro da historia fazendo com que sintamos estar fazendo parte de todo o contexto, ao escritor so me resta deixar o meu muito obrigado por nos prestigiar com tamanha obra literária.
esse livro é muito bom! e um dos melhores que ja li! =)
livro otmo
Um dos melhores livros que já li, gostaria de saber se ele terá continuidade pois a historia não pode parar ali.