O crescimento da literatura para jovens em 2013
Participação na matéria do JC Online sobre mercado editorial.
Link original: http://m.jconline.ne10.uol.com.br/t320/noticia/cultura/literatura/noticia/2013/12/22/110442
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O crescimento da literatura para jovens em 2013
Publicado em 22/12/2013, às 06h06
JC Online

John Green é um dos autores mais lidos pelos jovens no Brasil
Divulgação
Este foi o ano da consolidação da literatura para jovens no Brasil. Se o volume de lançamentos das editoras sedentas por best-sellers vem crescendo a cada ano, agora o mercado editorial vê com clareza os resultados disso: o balanço da pesquisa GfK deste ano apontou um aumento de 24% de vendas em relação a 2012 no País. Foi o setor que mais cresceu no período. O investimento das editoras tem aumentado, com verdadeiros leilões para adquirir o direito de publicação de livros que ocuparam algumas semanas no topo da lista do jornal New York Times, por exemplo.
O fenômeno é mundial. A prestigiada revista literária inglesa McSweeney’s já registrava, em 2011, o fenômeno pelas bandas europeias, em um artigo intitulado Os jovens estão lendo mais do que você. A atenção a eles é tão grande que já existem subdivisões, bem além da ideia de “infantojuvenil”: depois da literatura “young adult” (em tradução literal, “jovens adultos”, para leitores entre 13 e 18 anos), surgiu mais recentemente o “new adult” (“novos adultos”, voltado para pessoas entre 18 e 25 anos).
A designação das faixas etárias vai se atualizando – até para medições de mercado –, mas o que realmente muda em ritmo rápido são os gêneros, inventados e revalorizados a cada nova moda. Alguns exemplos recentes são os romances de distopia (estilo clássico de obras como 1984 e Admirável mundo novo, com narrativas que se passam em futuros tenebrosos, nos quais a sociedade tem uma estrutura injusta, como em Jogos vorazes) e da sick-lit (histórias em que os personagens principais enfrentam alguma doença grave ou terminal, como A culpa é das estrelas). Outros são mais estáveis, como a chick-lit, voltada para garotas, e obras de fantasia, como Guerra dos tronos e Harry Potter.
O melhor exemplo desse crescimento da literatura para jovens no Brasil é o autor norte-americano John Green. Lançado em 2012 por aqui, seu livro A culpa é das estrelas gerou uma verdadeira moda de obras com personagens que padecem de doenças graves ou terminais (leia mais sobre o livro na página 3). Mesmo sendo do ano passado, o volume é a segunda obra de ficção mais vendida no Brasil em 2013, segundo a Publish News, da Câmara Brasileira do Livro. O sucesso de Green não para por aí. Ele ainda chegou a ter outros três títulos entre os mais vendidos ao mesmo tempo: O teorema Katherine, Cidades de papel e Quem é você, Alasca?.
Um do motivos do seu sucesso, ele reitera em entrevistas, é não menosprezar a juventude, tratando os adolescentes e os jovens com respeito. Assim, seus romances – ainda que convencionais na forma narrativa e com uma linguagem relativamente comum – propõem situações sensíveis e escolhas complexas, como a própria vida.


“Nunca se leu tanto como agora. Ainda que em um tablet, um smartphone ou na tela de um PC, essa geração está lendo e escrevendo o tempo inteiro”, defende o escritor carioca Raphael Draccon, um dos principais autores do cenário nacional. Ele é o criador da série de fantasia Dragões de éter, um dos grandes sucessos comerciais por aqui. “O mercado de jovem adulto é um dos que mais cresce a cada dia e de onde estão saindo as novas franquias cinematográficas. Assim como aconteceu com a literatura fantástica, é impossível negar-se hoje o poder literário, comercial e de formação de leitor desse gênero”, argumenta.
Para o biólogo e blogueiro pernambucano Marcos Tavares, de 24 anos, responsável por manter o Capa & Título (capaetitulo.blogspot.com.br), uma das características dos leitores jovens é transitar por vários gêneros. “Os leitores jovens hoje são mais livres, vão atrás do que eles realmente gostam de ler. Não querem saber do que são obrigados”, opina. A estudante de Administração Brenda Lorrainy, de 18 anos, diz não ter um gênero preferido, por exemplo. “Só não leio terror – ainda tenho algum receio – e autoajuda”, diz a também blogueira e leitora voraz, que mantém o Catavento de Ideias (cataventodeideias.com).
Leia mais no Jornal do Commercio desta domingo (22/12)
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