“Dragões de Éter” no Cafeína Literária
Resenha do Cafeína Literária de “Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas”.
Link original: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2011/12/04/drops-dragoes-de-eter/
Enjoy.
***
Dragões de éter
Havia comprado o livro (autografado) em um workshop sobre a jornada do herói, ministrado pelo Eduardo Spohr e pelo próprio Raphael Draccon, há mais de um ano. Ele estava quase no fim na minha (sempre extensa) lista de leitura. Até que me inscrevi em um outro workshop, desta vez sobre roteiro, com o Draccon. Achei que deveria, antes da data do workshop, ao menos saber como ele escrevia e se eu gostava ou não do que ele escrevia. E o primeiro volume de Dragões de éter cortou a fila.
Admito que o título e algumas resenhas deixaram-me meio com “o pé atrás” antes de iniciar a leitura. Tive a impressão (felizmente errônea) de que a estória era fantasiosa e espiritual demais para o meu gosto literário. E, logo nas primeiras páginas, fui favoravelmente surpreendida por uma narrativa despretensiosa e ao mesmo tempo sedutora, repaginando de modo bastante criativo os contos de fadas que povoaram meu imaginário durante a infância.
Duas características – além da estória em si, lógico – acredito que sejam responsáveis pelo fato do livro agradar tanto. A narrativa é feita em terceira pessoa. E o narrador é uma atração à parte. Bastante parcial e opiniático, conversa com o leitor de uma maneira que o deixa confortável e muito à vontade com todo o universo da estória. Fez-me lembrar bastante o narrador de “O hobbit”, com seus comentários, por vezes jocosos, no decorrer da narrativa. Outro facilitador são os capítulos pouco extensos. Sei que é psicológico, mas iniciar a leitura e ver que o capítulo estende-se por vinte e tantas páginas às vezes é desanimador. Com capítulos curtos, além de sabermos que podemos lê-los em pequenos intervalos de tempo, avançamos na leitura sem perceber. É algo assim: “ah, este capítulo é pequeno… só mais um… só mais um…”. E quanto notamos, a noite avançou e ainda estamos imersos, acompanhando as aventuras e desventuras dos personagens.
Se alguém me pedir indicação de um livro de literatura fantástica (mesmo não especificando que deva ser brasileiro), eu certamente irei sugerir Dragões de éter. Aliás, farei isso principalmente se quem pedir a indicação não for leitor assíduo desse estilo de narrativa. Acredito que o talento de Draccon consiga despertar o interesse por literatura fantástica até em quem habitualmente lê romances ou biografias. Afinal, a estória é envolvente, a premissa é inteligente, a escrita é fluida. E não há como negar, vender 70 mil exemplares num país que não tem muito o hábito da leitura e mais, não tem tradição em literatura fantástica, é algo que não pode ser desconsiderado.
Comentários
Escreva uma resposta