Finalizando Dragões de Éter 4!
29 de janeiro de 2020, aproximadamente 10:15pm em Los Angeles | 30 de janeiro de 2020, aproximadamente 3:15 am no Brasil.
Essa é a data e a hora em que podemos dar por finalizado “Dragões de Éter – Estandartes de Névoa”.
29/01/2020: the date I finally finished Dragons of Ether 4, a book that my readers have been waiting for 10 years.
Sei que vocês terão muitas perguntas e essas são algumas coisas que já posso adiantar a vocês:
- É o meu melhor livro.
- A história se passa cinco anos depois do final do último livro.
- Ela é mais do que tudo o que um leitor da série já esperou.
- O livro responde a todas as perguntas já deixadas para trás.
- O arquivo final ficou com 751 páginas, mas na formatação que eu uso para escrever a série, na prática isso quer dizer que ele é quase 20 páginas maior do que “Dragões de Éter – Círculos de Chuva”.
- Os direitos da série hoje em dia são todos meus, e por isso a dificuldade de se encontrar os livros. Na realidade eu ainda não autorizei outra editora a comercializá-los, e apenas após o fim da saga é que pretendo renegociar a série, mantendo uma mesma identidade para todos os livros.
- O mercado editorial de hoje é bem diferente de quando a série foi lançada, e pretendo estudar qual a melhor forma de publicar os livros hoje: se através de uma grande editora no estilo tradicional ou de outra maneira mais direta.
- Vocês já vão chorar na dedicatória (se duvida, o momento em que ela foi escrita tá lá no meu Insta stories)
Terminei essa saga com uma sensação de êxtase difícil de ser descrita. Sabem, essa história representa muita coisa pra mim. Cada um dos livros foi escrito em momentos diferentes, e muito dos sentimentos que eles transmitem em determinadas cenas são reais.
É a série de livros que me apresentou ao público, que me tirou de uma situação financeira difícil, que me fez trabalhar e viver com o que me faz feliz.
Quando eu escrevi a primeira linha (”E um lobo lhe devorou a avó”) era 1:11 AM do dia 07/04/2003. Eu lembro desse dia. Eu estava doente, encasacado, olhando o teto cheio de infiltração e que viria a desabar posteriormente sobre a minha cadeira. Um criador solitário, sonhando escrever uma história que conversasse com alguém.
Enfrentando um mercado que ainda não acreditava no autor nacional como hoje, o primeiro livro foi lançado com certo descaso, sem qualquer planejamento de marketing, faltando seu código de barra, e ainda junto com o último Harry Potter. Meu editor Pascoal Soto teve até mesmo que bater de frente para que o livro não fosse cortado pela metade, pois o consideravam grande demais para o que estavam dispostos a investir. Sério, tinha tudo pra dar errado.
Meu pai morreu um dia depois do lançamento oficial do primeiro livro, e a despedida de João Hanson em “Dragões de Éter – Corações de Neve” remete ao meu último momento com ele. Para trás, apenas uma herança de 15 mil reais de dívidas.
Eu e minha mãe vendemos a casa e fomos pra um apartamento menor. A diferença que sobrava do lucro dessa venda era o tempo que eu tinha de contas pra fazer dar certo.
Eu lancei o segundo livro por uma segunda editora, sem os direitos do primeiro. Então veio o terceiro livro, onde eu consegui os direitos todos de volta. E assim a proposta pelo box exclusivo do Submarino, em uma época que o site reinava sozinho como o maior de vendas online do país.
E a coisa seguiu até que um dia do ano de 2010, eu voltei do cinema com Carolina Munhóz, e encontrei diversas mensagens me parabenizando.
Juro a vocês: era aproximadamente 1 am, e minha mãe tinha de acordar 5 am pro trabalho, mas não me importava, eu a acordei mesmo assim.
Pois aquele era o dia em que o filho dela havia atingido o primeiro lugar dos livros mais vendidos pela primeira vez.
Acima de Guerra dos Tronos, acima de Crepúsculo, acima de Augusto Cury e de Padre Marcelo Rossi, os maiores megaseller daquela época.
Ela chorou naquele dia.
A partir dali eu sugeri ideias loucas e fora da caixa à editora, negociei cachês simbólicos com artistas, e apostei tudo que eu tinha no lançamento da trilogia na Bienal do Livro daquele ano. O ano que eu transformei a Bienal de São Paulo no mais próximo de uma Comic-Con daquela época.
Príncipes, bruxas, guerreiros batendo bumbos e bradando gritos de guerra, animações em telão feitas por leitores. Era a estreia da editora Leya no Brasil e o evento da minha vida.
E então os sonhadores vieram.
Eram centenas, centenas e centenas deles, que me fizeram autografar por horas e horas pela primeira vez, e me ajudaram a transformar Dragões de Éter nos livros mais vendidos daquele estande naquele evento, e me colocaram enfim no mapa da imprensa, dos organizadores de eventos, e dos editores.
Depois daquilo, eu passei a visitar diariamente o Submarino, vibrando por cada dia a mais que a série permanecia no topo do site. Era sempre um dia, então mais um dia, então mais um dia.
Até que os dias se tornaram semanas.
As semanas se tornaram anos.
E “Dragões de Éter” permaneceu cinco anos seguidos como o livro nacional mais vendido do Submarino.
Como se não bastasse, o box da trilogia passou um ano inteiro como o item mais desejado dentre todos os itens do site de vendas mais popular do país.
Até que, em seu sexto ano, o box passou a ser exclusivo da Amazon.com, onde, mesmo após tantos anos, também chegou a atingir o topo do site.
E o mais curioso disso é que, se você me perguntar como é a sensação de ver seu livro em primeiro lugar depois de uma batalha impossível, eu vou te dizer que ela é ótima, sem sombra de dúvida. Mas sabe sinceramente qual é o melhor sentimento do qual eu me lembro?
O sentimento de ver minha mãe poder dormir depois de eu pagar 15 mil reais de dívida em uma única parcela com direitos autorais.
Dez anos depois daquele box, eu finalizo essa saga saudável, na minha casa em Los Angeles, ao lado da mulher da minha vida, e de milhares de leitores.
Leitores que eu vi crescer, leitores que me contaram suas próprias histórias, leitores que dizem se inspirar em mim para virarem escritores.
Eu ouvi histórias de pessoas que leram a série e juntaram forças para realizar seus sonhos, leitoras com DDA que hoje se tornaram professoras, leitores que aprenderam a lidar com a morte, ou que estavam prestes a se entregar à depressão e desistir da vida, e repensaram o caminho.
E é isso, amigos. É isso, e é tudo isso, que essa série representa pra mim. Uma série que me ajudou a conhecer todo os cantos do meu país, e depois a conhecer o mundo.
Uma série que me fez conhecer meus ídolos e me trouxe até Hollywood, me permitindo trabalhar nesse momento com o diretor do cinema mundial que me inspirou a fazer cinema.
Uma série que talvez tenha me conectado com você.
Então obrigado por chegar até aqui ao meu lado, sonhadores.
Se os sonhos são forjados no éter, hoje nós tocamos na quinta-essência. Pois Nova Ether está viva. E, em pouco tempo, aguardando por seus semideuses para a sua última fantasia.
Na contagem de um…
E dois…
E três.
Comentários
Escreva uma resposta