A Responsabilidade de Uma Respiração (e por que não devemos escutar “Linkin Park” ao correr) – Parte 1

Dentre os diversos conceitos que ando ultimamente me obrigando a melhor dissecar em idéias que possam ser traduzidas em textos de alguma competência, as duas principais delas envolvem o conceito abstrato da Construção Pessoal do Tempo, e a responsabilidade envolvendo o fato de cada um de nós simplesmente exalar uma respiração.

É sabido, e mais do que isso, é de comum acordo entre escritores, pensadores e filósofos de diversas partes do mundo, que vivemos em uma infinita teia de reações. Desencadeamos atos, muitas vezes sem termos nem mesmo consciência disso. A complexidade que envolve as ações e as escolhas de cada um de nós a todo o momento interfere tão diretamente com tudo e com todos, que podemos dizer que tudo o que você faz altera o destino da humanidade em que está inserido.

Um exemplo rápido: um Jovem Advogado costuma fazer sua corrida matinal todos os dias às oito horas da manhã com seu mp3 player estourando a música “Faint”, do Linkin Park. Isso, claro, até aquele dia. [que dia?]. O dia em que acontece. [e, diabos, acontece o quê?]. O dia em que ele tem suas duas pernas fraturadas em diversos pontos com um grande CRACK! que faz um V invertido em um de seus joelhos, no momento em que um Audi passa a uma velocidade mais alta do que a velocidade máxima permitida naquela região. [uau...]. Infelizmente, no momento em que corria ao atravessar uma rua, nosso Jovem Advogado fora acertado por um Futuro Papai, que acelerava sem ligar para os pardais, em direção à maternidade onde estava sua Mamãe Atenciosa no celular, avisando-o do estado de sua Querida Esposa.

O resultado desse acidente vai ser um Futuro Papai traumatizado e com a licença cassada, e impedido de ver o nascimento da Filha Linda. Além disso, processado por um Jovem Advogado, que aliás nunca mais vai correr da mesma maneira (isso, claro, SE voltar a correr).

Pode ser que a Filha Linda cresça vendo o Futuro Papai atrás das grades (e imagine o quanto isso não vai influenciar sua personalidade), ou pode ser que a Filha Linda também passe a vida em uma situação beeem difícil, pois só a indenização que o Jovem Advogado arrancará do Futuro Papai já irá impedir a Mamãe Atenciosa e a Querida Esposa de estourar qualquer cartão de crédito nos próximos cinqüenta anos (jovens advogados sabem o valor emocional de se perder um mp3 player).

Mas, analisando bem, quantos se existem em uma situação como essa? O que teria acontecido “se” o Futuro Papai resolvesse seguir por um outro caminho para o Hospital? Ou se a Mamãe Atenciosa tivesse se contentado em esperar a chegada do Futuro Papai no Hospital para dar-lhe a notícia do estado em que se encontrava a Querida Esposa? Nesse caso, o Futuro Papai estaria mais atento ao trânsito, e com as DUAS mãos no volante. [e isso faz mesmo alguma diferença?]. E para evitar um acidente, isso faz muita diferença.

Sem contar que o Jovem Advogado poderia aquele dia – por que não? – ter parado em diversos pontos da ciclovia para tomar um isotônico, como uma água de coco no Vendedor Simpático em que ele pára de vez em quando.

Ou mesmo ele poderia ter [simplesmente] parado no faixa e olhado para a estrada, se não estivesse completamente alienado ao seu redor. (mas, diabos, como culpá-lo? Ele estava escutando “Faint”!).

Comentários

uma resposta to “A Responsabilidade de Uma Respiração (e por que não devemos escutar “Linkin Park” ao correr) – Parte 1”

  1. Toddy on fevereiro 27th, 2010 1:02 am

    Poxa, apesar de não estar correndo passei por uma situação similar… com direito a duas pernas fraturadas… só que não estava ouvindo faint.

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